Folha – 08/01/2004
(São Paulo) Uma pesquisa realizada pelo Ibase (Instituo Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) com os participantes do Fórum Social Mundial de 2003, em Porto Alegre (RS), e divulgada nesta quinta-feira no Rio, revela que 85% dos entrevistados disseram não confiar em instituições como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e no Banco Mundial.
A pesquisa foi feita sob a coordenação da Secretaria Internacional do Fórum –composta por oito entidades, entre elas o Ibase– e ouviu 1.500 participantes do evento (entre delegados, ouvintes e acampados) ocorrido na capital gaúcha em janeiro do ano passado.
A pesquisa revela ainda que mais da metade dos participantes do Fórum possui alguma desconfiança com relação às instituições do Estado, particularmente a polícia (74,5%) e o Judiciário (58%). A grande maioria (84%) define-se como sendo do campo político da “esquerda” e 79% disseram acreditar que a democratização dos governos é um caminho eficaz para a construção de um outro mundo melhor.
A divulgação ocorre às vésperas do início do 4º Fórum Social Mundial, que pela primeira vez será realizado fora do Brasil, em Mumbai (antiga Bombaim), na Índia, entre os próximos dias 16 e 21 de janeiro. O Fórum é considerado o maior encontro internacional da sociedade civil organizada e já reuniu, em suas três versões brasileiras (2001, 2002 e 2003, todas em Porto Alegre), mais de 170 mil pessoas.
Mulheres
Com relação ao perfil dos participantes do Fórum no ano passado; 51% eram mulheres e 49% homens. Trinta e sete porcento tem entre 14 e 24 anos de idade e o nível de escolaridade foi considerado alto: 27,5% tinham o grau superior completo; 9,7% tinham mestrado e doutorado e 36,2% possuíam o superior incompleto. Do total de entrevistados, 64,9% estavam engajados em um movimento ou organização social, mas 62% disseram não ser filiados a nenhum partido político.
Participaram do Fórum na capital gaúcha representantes de mais de 130 países. Destes, 85% dos credenciados eram brasileiros. Entre os estrangeiros, a maioria era composta de argentinos (13%), seguidos de uruguaios (9,5%), chilenos (8,7%), paraguaios (8,4%), franceses (7,2%) e americanos (6,6%).
Fonte: Folha Online