Adital – 16/04/2004
(Fortaleza) Dados do Banco Mundial, divulgados recentemente pelas Nações Unidas (ONU) mostram que o percentual da mortalidade infantil poderia ser diminuído em até 75% se os países acabassem com a corrupção que custa 1 bilhão de dólares ao ano. Esses números, contudo, foram contestados por Cláudio Abramo, coordenador geral da Transparência Brasil, associada à organização não-governamental que monitora a corrupção no mundo. Para a organização, a cifra real é de um trilhão de dólares.
A cifra do Banco Mundial foi calculada com base nos dados econômicos do período 2001-2002, sobre uma produção mundial estimada em 30 bilhões de dólares. O estudo destacou que a corrupção é um dos maiores obstáculos para redução da pobreza e da mortalidade infantil nos países com economias emergentes.
Abramo afirmou que é impossível acabar com a corrupção, mas, sim, reduzi-la, colocando em prática os mecanismos de prevenção. Sobre os números e as porcentagens do estudo do Banco Mundial divulgados pela ONU, ele simplesmente diz não saber de onde saem os mesmos. “Esses dados são completamente implausíveis”.
“A mortalidade infantil não tem como única causa a corrupção. Como fica a distribuição de renda, por exemplo? Também não é verdade que ‘os rendimentos nacionais poderiam quadruplicar-se, caso não houvesse corrupção’, como afirma o estudo”, contestou o coordenador. Para Abramo, uma política industrial, políticas de redução das desigualdades de renda, criação de empregos e menos conversa fiada sobre os ” projetos sociais”, poderiam, sim, ajudar o mundo a diminuir a corrupção. Abramo ainda explicou que, ao contrário do que prega, o Banco Mundial não atua na anticorrupção no Brasil (nem na quase totalidade dos outros países latino-americanos).
Transparência Brasil
A Transparência Brasil foi fundada em abril de 2000 por um grupo de indivíduos e organizações não-governamentais comprometidos com o combate à corrupção e é associada à Transparency International, a única organização mundial dedicada exclusivamente a combater a corrupção. O trabalho é informar ao público, advogando medidas junto a poderes, trabalhando no aperfeiçoamento das instituições, assim como ajudando organizações civis e os governos de todos os níveis a desenvolver metodologias e atitudes voltadas ao combate à corrupção.
Fonte: Micheline Matos, jornalista da Adital