24/05/2004
(São Paulo) Foi lançado na última sexta-feira, dia 21/05, durante o Seminário Nacional sobre Assédio Moral, com corte de gênero, o projeto da CNB/CUT, em parceria com o Fundo de Gênero do Canadá (FIG), que irá fazer uma ampla pesquisa nacional de como se dá o assédio moral na categoria bancária. O projeto será executado pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco.
O seminário contou com palestras da psicóloga e professora da Universidade do Chile, Ivone Andrea Fernandez Jiménez e de Luiz Saraiva, médico do trabalho, assessor do Sindicato dos Bancários de Pernambuco e coordenador do Programa de Saúde do Trabalhador da Prefeitura de Recife.
Os palestrantes enfatizaram que o assédio moral é muito mais do que uma atitude individual do chefe sobre seu subordinado, é um produto do sistema, que oferece condições para que ele ocorra. Ressaltaram ainda que embora a reação entre homens e mulheres quando vítimas do assédio moral sejam diferentes, o mal atinge indistintamente os gêneros.
Projeto – Segundo o secretário de Saúde da CNB/CUT, Plínio Pavão, o projeto terá a duração de dois anos, com término previsto em março de 2006. A pesquisa será precedida de oficinas regionais, nas bases das federações filiadas, para propiciar a formação de multiplicadores. “além de nivelar as discussões, vamos esclarecer o papel dos multiplicadores, que serão diretores ligados aos sindicatos, às federações filiadas, aos coletivos de saúde e GROS, e terão a responsabilidade de fazer o projeto funcionar”, disse.
As oficinas, que serão apoiadas por cartilha, cartazes e folderes, devem ocorrer até dezembro de 2004, quando deve se iniciar a aplicação dos questionários.
Para a secretária de Formação da CNB/CUT, Deise Rocoaro, o envolvimento das federações na realização das oficinas será fundamental para sensibilizar os dirigentes sobre o tema e saber como atual e como pensam os estudiosos sobre o assunto. Ele lembra que nas pesquisas que estão sendo aplicadas nas Conferências regionais para se fazer um diagnóstico sobre a Formação, o tema saúde e condições de trabalho tem sido o mais citado, reforçando a importância do debate.
Pesquisa – Plínio ressalta que a pesquisa será a base possibilitar a criação de mecanismos de denúncia e identificar a situação entre os gêneros, orientação sexual e nos diversos bancos. “A vítima do assédio está fragilizada e não consegue sair do clico sozinha. Precisa do apoio dos colegas, que muitas vezes não se manifestam por também temerem ser vítimas. O trabalhador precisa observar o problema de fora para melhor reagir ao assédio”.
O diretor ressalta que o objetivo é investir em mecanismos que criminalizem a prática de assédio, pois ela tem um forte impacto sobre a saúde mental e, quando essa situação se verificar precisa ser reconhecida como doença do trabalho.
Entre as metas do projeto está a redução em 30% dos casos de assédio moral no país até 2006, a inclusão da cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho e a elaboração de um projeto de lei que regule o setor privado. Conforme Suzineide Rodrigues de Medeiros, – secretária-geral suplente do Sindicato dos Bancários e representante na Comissão de Mulheres da CUT de Pernambuco, o projeto visa minimizar os efeitos da pressão por metas que tanto abala os bancários. Suzineide enfatiza que já existe no setor público e em alguns municípios leis que coagem esse tipo de agressão moral.
O assédio – O secretário de Saúde da CNB lembra que o assédio pode se manifestar de várias formas. mas todas elas tem como objetivo humilhar, desqualificar e culpabilizar o trabalhador, que é inferiorizado por palavras e atitudes, isolamento no ambiente de trabalho, atribuição acima ou abaixo da sua qualificação, destinação de trabalho inútil, não fornecimento instrumento de trabalho, discriminação em função da capacidade laborativa, gênero, raça ou orientação sexual.
Meire Bicudo – CNB/CUT