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Pesquisadora denuncia ação do Itaú privatizando espaços públicos

A jornalista Sabrina Duran, pesquisadora sobre o tema
gentrificação, que é o processo de enobrecimento de projetos urbanísticos para
expulsão de camadas populares, denunciou ação do banco Itaú para privatizar
espaços públicos no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo.

A pesquisa foi apresentada durante sua exposição no 21º
Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação na manhã deste sábado, 21 de
novembro, no Rio de Janeiro.

De acordo com a apuração, que utilizou essencialmente
documentos oficiais, como notícias da prefeitura, publicações em diários
oficiais e dados obtidos via lei da transparência de acesso à informação, o Itaú
foi privilegiado no processo chegando a doar um projeto de revitalização da
área, feito por um escritório de arquitetura dinamarquês com o custo de 500 mil
euros.

O projeto é caracterizado pelo processo de “limpeza” da
área, sem prever como ficam as pessoas em situação vulnerável e de rua, e que
tem como carro-chefe o uso de espelhos dágua, mesmo na situação de grave crise
hídrica em São Paulo.

“É importante que esses projetos dialoguem ou entendam o
contexto que estão inseridos. O projeto não fala em nenhum momento sobre as
populações vulneráveis que estão no Vale do Anhangabaú”, explica Sabrina.

O escritório de arquitetura foi procurado para explicar a
motivação. “Eles responderam que não era possível julgar as pessoas pela
aparência e que não era papel do escritório de arquitetura prever ações sociais”,
relatou a jornalista.

De acordo com a pesquisa, a revitalização do Vale do
Anhangabaú já era prevista e um mesmo projeto muito semelhante já existia no
ano de 2007, mas que dava diretrizes para melhorar a vida das pessoas.

Em abril de 2013, para caracterizar a Parceria Público
Privada e não ser questionada judicialmente, a Prefeitura de São Paulo convidou
75 empresas para o workshop Gehl Architects. O Itaú foi a única instituição
financeira e quatro meses depois fez a doação do projeto pronto (doação
publicada no diário oficial), nos mesmos moldes do já existente desde 2007. Mas
o Itau pagou 500 mil euros pelo projeto.

“O banco Itau pretende redefinir os usos do centro de São Paulo,
área que concentra mais da metade da população em situação de rua da cidade. A
gente considera que esse é um projeto de privatização do espaço público em que
a prefeitura age como legitimadora e quem determina todas as ações é o privado”,
afirma a pesquisadora.

Entre os documentos encontrados e disponibilizados por
Sabrina, estão diversos ofícios do Itaú protocolados na prefeitura de São Paulo
solicitando a retirada de moradores de rua que se mantinham em frente às suas
agências bancárias. E a Prefeitura imediatamente teria mandado abordagem de assistência
social aos locais. O valor da obra aparece em documentos como R$ 250 milhões.

Sabrina explicou que o projeto teria uma apresentação
pública há três meses, mas que os movimentos sociais articularam um protesto
para o evento, que foi cancelado. Nem a Prefeitura e nem o banco Itaú se
pronunciaram para jornalistas que tentaram contato desde então.

Para mais informações e acesso aos documentos, consulte o
blog Ag.jor.br e o link http://bit.ly/1Lip6y4.

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