30/04/2004
Artido do presidente da Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT), Vagner Freitas
O Brasil apresenta um dos mais altos índices de desigualdade no mundo. O 1% mais rico equivale a 1,6 milhões de pessoas e concentra a mesma renda dos 50% mais pobres – que são 80 milhões. De acordo com dados do IBGE, 14% da renda per capita está em poder do grupo 1% mais rico da população, enquanto a renda dos 50% mais pobres não supera os 12% da renda per capita total. As estatísticas e a concentração de renda no Brasil, uma das maiores do mundo, parece não sensibilizar o atual governo. Eleito em prol da transformação social e da inclusão, o Governo Lula mantém a política econômica conservadora, além de não mexer com os interesses da classe dominante.
Seguir a risca as metas de ajuste fiscal estabelecidas pelo FMI não ajuda o crescimento do país. Pelo contrário, o desemprego cresce e o rendimento mensal do trabalhador diminui cada vez mais. A decepção toma conta dos milhares de cidadãos que elegeram esse governo com a expectativa da mudança.
Que rumos está tomando o governo Lula? Está sendo considerada, na atual administração, a trajetória de luta construída há mais de 20 anos em prol das reivindicações dos trabalhadores? O continuismo da política econômica de FHC pode ser comprovado nesse 1º de maio, já que o salário mínimo passa de R$ 240 para R$ 260. O aumento, irrisório, é de 1,2% acima da inflação. Enquanto que o salário mínimo calculado pelo Dieese é de R$ 1.402. Sabemos que está longe de ser implementado, mas o mínimo continua deixando à margem o trabalhador brasileiro, que é uma das mãos-de-obra mais baratas do mundo.
Neste sentido, se faz urgente a criação de uma campanha da Central Única dos Trabalhadores para mudar a política econômica e gerar emprego e renda. O governo deve ser direcionado rumo à diminuição da crise social e da concentração de renda – verdadeiras pragas deste país.
Só haverá crescimento sustentado se a política da redução das taxas de juros e superávit primário estiver aliada ao incentivo do microcrédito e da produção. Sem a fiscalização da máquina pública é cada vez maior a carga tributária que recai sobre o trabalhador.
Diante da política econômica que está impedindo o crescimento do país, e em conseqüência prejudicando a classe trabalhadora brasileira, o 1º de maio deve ser de luta e de protesto. As diversas categorias recomeçam a luta e preparam suas campanhas pela recuperação do salário, por melhores condições de vida e de trabalho e pela mudança da política econômica.
* presidente da Confederação Nacional dos Bancários