– 19/05/2004
(São Paulo) Realizado segunda e terça-feira, o Seminário Nacional dos Financiários definiu as próximas ações para a Campanha Salarial e para incluir os profissionais que trabalham em financeiras e promotoras de crédito, sem ser reconhecidos como tal. Apenas 3 mil trabalhadores em todo o país são reconhecidos como financiários, enquanto que cerca de 250 mil estão à margem deste processo por conta da não inclusão da Convenção Coletiva dos Financiários.
O evento começou com uma recapitulação do Seminário realizado em 2002 em Brasília a fim de verificar que ações os sindicatos tomaram durante o tempo decorrido. Foram relatadas a realização de reuniões nas DRTs, contatos com patronais nos estados para se construir efetivamente uma negociação nacional, além de ações jurídicas.
A fim de recompor o poder aquisitivo da categoria, o Dieese apresentou as variáveis que compõem o índice a ser reivindicado confira:
– reajuste apurado pelo Dieese – 4,28% com base no ICV Dieese correspondente ao período entre junho de 2003 a maio de 2004. As projeções serão confirmadas com o fechamento da inflação de maio;
– resíduo inflacionário de 15,48% (equivalente ao período de julho 94 a maio de 2003);
– produtividade de 11,42%;
– Índice a ser reivindicado composto pelas variáveis: 34,17%.
Minuta – A atualização da minuta de reivindicações da categoria, que será entregue a Fenacrefi até o dia 31 de maio, deverá ser apreciada nas assembléias a serem realizadas pelos sindicatos até o a mesma data (31 de maio). A Minuta com a pauta de reivindicações atualizada estará disponível na seção “Comunicados” do site da CNB/CUT nos próximos dias.
Abrangência da CCT – Foram apresentadas e discutidas duas propostas em fase de construção com dois bancos. Essas proposições serão encaminhadas para os sindicatos submeterem às assembléias e serão utilizadas como parâmetro na mesa com a Fenacrefi, uma vez que enquadram os promotores de vendas e crédito como financiários. Os sindicalistas citaram o caso de financeiras que lucram mais do que bancos, em torno de R$ 300 milhões, e que estão prevendo a inclusão dos promotores de venda e crédito, uma vez que visam evitar futuros ônus de passivos trabalhistas.
O secretário de Organização da CNB/CUT, Miguel Pereira, destaca a importância de estar combatendo a precarização das contratações e a tercerização dos serviços bancários. “Caso fechemos acordo com esses bancos que se propõem a incluir os promotores de venda e crédito na categoria dos financiários, estaremos incorporando cerca de 250 mil trabalhadores que entrarão para a base de representação dos sindicatos de bancários”. Segundo Pereira, se isto ocorrer será um marco na história do sindicalismo brasileiro.
FNT – O secretário de Organização da CNB/CUT enfatiza que uma vez que os debates no Fórum Nacional do Trabalho apontam para a organização dos trabalhadores por ramo e não mais por categoria, mesmo antes da definição da reforma sindical, a organização dos bancários já sai na frente com a incorporação dos promotores de vendas e crédito. “As empresas estão começando a compreender que estão um gerando um passivo trabalhista. Ainda mais num cenário de juros mais baixos que induz a uma oferta maior de crédito via financeiras, essas empresas apresentam uma lucratividade elevada, e como isso podem oferecer salários e condições dignas de trabalho”. A iniciativa deverá legalizar a contratação desses trabalhadores, já que estão sendo, na verdade, terceirizados por essas instituições financiadoras de crédito.
Desafio Organizativo – O desafio da CNB/CUT e sindicatos, explica Pereira, é fazer com que a negociação com a Fenacrefi seja efetivamente nacionalizada. Ou seja, os estados que não assinam a CCT possam ser contemplados.
Relatório – Em relatório a ser disponibilizado nos próximos dias nos Comunicados da CNB estarão os encaminhamentos provenientes do Seminário. A CNB vai buscar identificar o número de trabalhadores e onde, e como estão distribuídos. Os sindicatos precisam mapear, nas suas bases, os trabalhadores das financeiras e promotoras de crédito.
Participantes – Estiveram presentes cerca de 30 dirigentes das regiões Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil.
Fonte: Carolina Coronel – CNB/CUT