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SETE MAIORES BANCOS LUCRAM R$ 13,4 BILHÕES

Em 2003, ano em que a economia brasileira ficou estagnada, segundo projeções de analistas, e a indústria chegou a amargar uma recessão, os grandes bancos conseguiram ganhos bilionários. Somados, os lucros das sete maiores instituições financeiras atingiram R$ 13,39 bilhões no ano passado.

O crescimento em relação ao resultado líquido de R$ 12,54 bilhões, em 2002, foi de 6,7%. Os dados foram levantados pela consultoria Austin Asis.

Segundo analistas, no entanto, essa média é distorcida pela forte queda de 38% no lucro do Banespa em 2003. Excluído o banco, os resultados das outras seis instituições- Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF), Bradesco, Itaú, Unibanco e ABN Amro- cresceram 19,7%.

“O resultado do Banespa distorce a média. Em 2002, o banco lucrou R$ 2,818 bilhões por conta de ganhos com títulos indexados à inflação. Em 2003, sem esses ganhos excepcionais, o lucro recuou para R$ 1,747 bilhões, que é um resultado mais coerente com o tamanho do banco”, diz Erivelto Rodrigues, sócio da Austin Asis.

Em termos reais, descontada a inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), os lucros cresceram 10,1%. Se incluído o Banespa, o resultado real é um recuo de 1,8%. Mas analistas e os próprio bancos costumam trabalhar com variações nominais, pois os efeitos da inflação já estão, parcialmente, refletidos nas operações que levam aos resultados contabilizados nos balanços das instituições financeiras.

Causas
O bom resultado dos bancos, em 2003, foi conseguido apesar da queda dos juros-fonte tradicional de ganhos das instituições financeiras nos últimos anos. Os resultados com títulos e valores mobiliários apresentaram um recuo de 38,3%, segundo a Austin Asis (com exceção do lucro líquido, os demais dados levantados pela consultoria excluem os resultados da CEF, que ainda não publicou seu balanço consolidado).

“Além da redução dos juros, a apreciação cambial também contribuiu para essa queda nos ganhos dos bancos com títulos”, afirma João Augusto Salles, analista da consultoria Lopes Filho.

Mas essa queda foi compensada, parcialmente, pelo forte crescimento de 18,4% das receitas com serviços.

Segundo analistas, essa expansão tem quatro origens principais. 1) As instituições ampliaram o número de serviços que são tarifados; 2) A base de clientes dos grandes bancos, em geral, cresceu; 3) Em 2003, o mercado de fundos de investimento registrou captações líquidas (saques menos resgates) recordes -para os bancos, isso foi sinônimo de maiores retornos com taxas de administração e de desempenho-; 4) Além disso, aumentaram as receitas com cartões de crédito e fundos de previdência privada.

“Os bancos ampliaram muito suas fontes de receitas com serviços no ano passado e ainda têm muito espaço para aumentar ganhos nessa área. Há diversos serviços hoje oferecidos gratuitamente pela internet que passarão a ser tarifados”, diz Rodrigues.

Também contribui para o significativo crescimento nos lucros dos bancos a redução nas despesas com provisões feitas contra possíveis calotes. Segundo o levantamento da Austin Asis, essa queda foi de 5,6%.

De acordo com Roberto Troster, economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), 2003 acabou sendo um ano muito melhor do que o esperado para o sistema bancário:

“A inadimplência, por exemplo, não aumentou. Isso ajudou muito os resultados porque abriu espaço para uma queda no valor das provisões”, diz Troster.

Além disso, segundo Troster, o cenário de queda de juros tende a favorecer os bancos:

“Ao contrário do que muitos pensam, a queda de juros traz mais ganhos do que perdas para os bancos. A inadimplência cai, muitos custos caem e aumentam os ganhos com crédito”, afirma.

Por enquanto, as receitas dos bancos com crédito têm diminuído. Em 2003, a redução foi de 16%. Mas, segundo analistas, a tendência é que essas receitas aumentem à medida que cresça o volume dos empréstimo.

Fonte: Folha de São Paulo – Érica Fraga

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