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Terceirização no ABN será tema de reunião na Europa

Os sindicalistas da Europa estão preocupados com a prática de terceirização na área tecnológica que vem sendo implementada pelo ABN Amro. Dia 7 de setembro o Comitê Europeu de Trabalho reúne-se para discutir o assunto e definir as ações do movimento sindical.

A informação foi passada à Comissão de Organização dos Empregados (COE) do ABN Amro pelo presidente da Federação dos Bancários da Grécia e funcionário do ABN Amro, Dimitris Tsokalas, que esteve em Curitiba participando do encontro internacional de bancários do ABN e do HSBC. Realizado entre os dias 26 a 28 de julho, o encontro tinha o objetivo de construir a organização internacional destes trabalhadores.

“Muitos bancos, como o ABN Amro, o HSBC, o Banco Alemão estão mandando trabalho para fora da Europa. Lá não é só mais uma questão de terceirização, o problema é que os empregos estão saindo da Europa. E o ABN é um dos campeões em transferir empregos”, diz Dimitris. Na área de tecnologia, os melhores empregos perdidos na Europa nos últimos anos foram transferidos para a Índia, onde há mão-de-obra qualificada a preço bem abaixo dos trabalhadores europeus. Na Índia, segundo ele, o salário do bancário é três a quatro vezes menor do que na Inglaterra.

“São trabalhos que podem ser feitos à distância por causa da tecnologia”, explicou. Como exemplo, citou o caso de um pedido de encaminhamento de exportação, por exemplo, que é feito em uma agência bancária na Holanda. A papelada, segundo ele, é escaneada e enviada para que os trabalhadores da Índia encaminhem o processo.

“A novidade no ABN é que tudo o que tem a ver com tecnologia, mas não foi transferido para a Índia, está sendo terceirizado para uma multinacional”, disse, explicando que essa terceirização tecnológica vai acontecer em pelo menos 47 países do mundo em que o ABN está presente. O que acontece, nesses casos, é que o banco demite o funcionário, e este vai trabalhar em uma empresa que presta serviço ao mesmo banco, sendo que muitas vezes ele trabalha dentro do prédio do próprio banco.

“Essa é a maneira que os bancos multinacionais estão trabalhando: com cada vez mais especialização, transferência de empregos para lugares mais baratos, e pouco diálogo com os sindicatos, para não ter que cumprir obrigações trabalhistas”, disse Dimitris.

Para ele, na Europa a situação é melhor do que em outros continentes., uma vez que além das matrizes dos grandes bancos estarem ali, há também maior tradição de sindicalismo. Por esse motivo, ele defende a necessidade de os trabalhadores de outros países estarem conectados com o Comitê Europeu de Trabalho. “É preciso estar por dentro das discussões deles porque, muitas vezes, o banco pode ter as mesmas estratégias da Europa no resto do mundo”, justifica.

Falando sobre a necessidade de união dos trabalhadores, Dimitris ressaltou que a globalização atinge principalmente o Capital, especialmente de bancos. “Do outro lado, os empregados não podem ficar parados. Um exemplo é a União Européia, que virou uma fortaleza. Se eles não têm capital, eles procuram outros países onde a mão-de-obra é mais barata”.

Dimitris afirmou , ainda, que apesar de existir competição entre os bancos, “o capital financeiro está unido, e essa união não tem fronteiras”. Já os bancários, estão divididos por País, sendo que essa divisão é alimentada ainda mais pelo capital, “com xenofobia, guerras nacionalistas, que mantêm os trabalhadores divididos. Se fosse possível unificar os trabalhadores, aprofundar os debates iríamos ver que temos mais coisas em comum do que pensamos. Para isso, é necessário maior número de reuniões como essa, para trocarmos idéias, colaborar, para ficarmos em melhor posição frente aos bancos”.

Os bancários na Grécia
Na Grécia há cerca de 64 mil bancários, sendo 95% sindicalizados. Essa alta adesão fortalece os sindicatos, que conseguem fazer acordo coletivo único para todo setor. Após fechado o acordo único, são realizados outros específicos por bancos. Esses,, por sua vez, não podem interferir no que foi estabelecido no acordo por ramo. Os acordos se somam a cada dois anos. Ou seja, o que está garantido não muda,. O que pode ocorre, segundo ele, são acréscimos a cada dois anos.

A Federação dos bancários é uma das entidades mais fortes na Grécia. Os trabalhadores têm em média menos de 35 anos. Quem tem 31 anos de banco, sai com 26 salários. O salário médio na Grécia é de 700 euros ou U$ 800.

Na Grécia, o ABN tem 100 funcionários. Destes, cerca de 10, o equivalente a 10%, devem seguir o rumo da terceirização, indo trabalhar em outras empresas que prestam serviços para o próprio banco. De acordo com ele, os funcionários vão receber o mesmo salário, e recebem um pacote de vantagens na demissão. Quem não aceita mudar de empresa, é demitido. Estes, tem em sua maioria entre 35 e 38 anos e por serem bastante especializados eles não têm grande dificuldade em encontrar novo trabalho.

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