“A partir de hoje a fábrica passa para o controle de vocês”. Foi com esta frase que a procuradora do trabalho Margaret Matos de Carvalho anunciou hoje a tarde a liminar, concedida pela juíza Graziella Carola Orgis, da 2ª Vara Trabalhista do Ministério Público do Trabalho, que concede o comando da Diamantina Fossanese S/A para os seus 190 funcionários. A empresa é a maior indústria de botões da América Latina e estava sob ocupação dos trabalhadores desde o último dia sete.
Os empregados receberam a notícia com muita satisfação. Eles comemoraram a vitória com fogos de artifício e gritando a seguinte frase: “é a luta, satisfação, nós vencemos, fora Felipão”, em alusão ao ex-coordenador da fábrica, Felipe Cassebe.
Para conduzir a Diamantina foram eleitos, em Assembléia, oito representantes dos operários. A CUT, a Secretaria de Estado do Trabalho e a incubadora tecnológica de cooperativas populares da Universidade Federal do Paraná dar suporte neste empreendimento autogestionário que é a cooperativa dos funcionários.
Segundo a procuradora, foi movida uma ação civil pública de afastamento da atual diretoria propondo a gestão dos trabalhadores na segunda-feira (19/04). Para ela, a finalidade é a manutenção dos empregos. “O principal objetivo é a sustentação dos postos de trabalho. Esse modelo de organização possibilita o pagamento das dívidas. Agora é fundamental evitarmos a falência da empresa. Precisamos sensibilizar os credores”. A Diamantina conta com oito pedidos de falência na Justiça. Estima-se que o montante da dívida gira em torno de R$ 33 milhões. “Isto pode ser apenas a ponta do iceberg. O que não falta é documentação para provar as fraudes”, alerta.
Sandra Bergonsi, coordenadora da incubadora, afirma estar confiante no poder de conduta dos trabalhadores. “Eu não tenho medo e nem um pingo de dúvida que este empreendimento terá sucesso. Temos vários exemplos de cooperativas no Paraná e, neste caso, as chances de prosperidade são ainda maiores porque já é uma indústria formada”, ressalta.
Para o presidente da CUT-Paraná, Roni Anderson Barbosa, hoje foi escrito um novo capítulo na história do movimento sindical estadual. “É um marco histórico para o Estado. Temos outros exemplos desse tipo de gestão no Brasil, mas no Paraná a iniciativa é inédita. Por isso é de nosso interesse que tudo dê certo. Assim poderemos mostrar para a sociedade que é possível uma fábrica ser conduzida por seus funcionários”.