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BANCÁRIOS DISCUTEM RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS

12/05/2004
(São Paulo) Fazer com que os bancos saiam do discurso de socialmente responsáveis e o transforme em ações que melhorem a relação de trabalho com os funcionários, acabe com as demissões e garanta o cumprimento da Convenção Nacional da categoria, são alguns dos objetivos da oficina sobre Sindicalismo e Responsabilidade Social Empresarial que a CNB/CUT, em parceria com a AFL-CIO e Observatório Social, está promovendo desde ontem, em São Paulo.

O evento conta com 40 participantes de várias partes do país e faz parte de um projeto para impulsionar a discussão dentro do movimento sindical para que possa participar ativamente do debate sobre responsabilidade social. De acordo com Pieter Sijbrandij, coordenador de projetos do Observatório Social, as empresas vêem se utilizando da mídia para afirmar que são socialmente responsáveis, mas na maior parte das vezes, fazem apenas filantropia e pouco avaliam o processo de produção. “Com a regulamentação do trabalho cada vez menor, as empresas querem menos riscos e tentar evitar crises que afetem a sua imagem, mas o fazem unilateralmente, sem o envolvimento dos trabalhadores”, disse o pesquisador.

Para ele, o papel dos sindicatos deve ser o de pressionar as empresas para que se comprometam publicamente com temas de relevância para os trabalhadores e estarem preparados para cobrar o seu cumprimento. Pieter cita como exemplo a política de igualdade de oportunidades que, de acordo com o pesquisador, pouco se vê nas empresas, não somente no Brasil, mas em todo o mundo. “Não é aceitável que bancos falem e não pratiquem a responsabilidade social, ou quando o fazem não envolvam os trabalhadores”, destacou.

O secretário-geral da CNB/CUT, Carlos Cordeiro, que é um dos participantes da oficina, ressalta que o debate é um passo importante para sensibilizar os dirigentes sindicais sobre o tema. “Responsabilidade social não é filantropia e deve começar pela valorização e respeito aos direitos, salários justos e respeito aos acordos”, disse. Segundo Cordeiro, a discussão irá contribuir ainda para a elaboração de índices de qualidade de vida do bancário, índice de responsabilidade dos bancos e para construir políticas que cobrem dos bancos responsabilidade social de fato.

Os instrumentos – Durante a oficina os sindicalistas estão conhecendo e avaliando instrumentos que podem ser úteis na defesa dos direitos do trabalhadores. Além da OIT, a mais familiar aos bancários são as Diretrizes da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, um estrutura internacional e intergovernamental da qual participam as 30 nações mais industrializadas e da qual o Brasil é membro observador.

As diretrizes, adotadas em 1976 e revisadas em 2002, são importante instrumento intra-governamental em favor da responsabilidade social e estabelecem critérios referentes às relações trabalhistas, meio ambiente, informação, consumidores e concorrência. O cumprimento das diretrizes é voluntário, mas se ignoradas, pode acarretar denúncias por não cumprimento.

No Brasil, a denúncia da empresa italiana Parmalat ao Ministério das Relações Exteriores, feito pela CUT no ano passado, permitiu instalação a criação do Ponto de Contato Nacional, que é responsável pelo implementação das diretrizes, entre outras atribuições.

Outro instrumento adotado pelas empresas é o Global Compact. Lançado em 2000, já possui a adesão de 1.464 empresas em todo o mundo, sendo 87 brasileiras. São do setor financeiro e seguros 127 em todo o mundo e 7 no Brasil, entre elas os bancos do Brasil, Itaú e Caixa Econômica Federal. Os princípios gerais do Global Compact visam adoção e apoio a um conjunto de valores relativos a defesa dos direitos humanos, condições de trabalho e meio ambiente.

O terceiro é o acordo AccountAbility 1000 (AA1000), lançado em 1999 e tem como princípios a adoção de processo contínuo de atividades, que têm como principais passos a definição e redefinição de valores, desenvolvimento de metas de performance ética e social e avaliação e comunicação do desempenho em relação às metas desenvolvidas.

Um último documento, criado é 2003, é o chamado “Princípios do Equador”, este voltado para as instituições financeiras e determina avaliação e gerenciamento de risco ambiental e social em financiamento de projetos.

Meire Bicudo – CNB/CUT

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