Na semana passada, representantes de sindicatos de países da América Latina onde o banco HSBC está presente se encontraram na 8ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais Internacionais. O encontro acontece uma vez por ano e objetiva construir o debate unificado e propor ações conjuntas na América. “As empresas se globalizaram. Temos de reunir os dirigentes sindicais de todos os países para unificarmos a luta e nossas conquistas, trabalhando juntos na construção de um Acordo Marco Global, debatendo problemas e questões locais e cobrando dos bancos soluções para os problemas existentes, para então avançarmos na relação capital X trabalho”, afirma Carlos Alberto Kanak, diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e Coordenador Nacional da Comissão de Organização de Empregados (COE/HSBC).
Na reunião, ficou visível a preocupação do coletivo em relação ao emprego, já que o HSBC vendeu agências em nove países da América: no Chile para o Itaú, em Honduras, Guatemala, Panamá e Costa Rica para o grupo DaViviendas e no Peru, Paraguai, Uruguai e Colômbia para o grupo GNB.
Na Argentina, o banco conta com 135 agências e aproximadamente 4.500 funcionários e os bancários temem por seus empregos, visto que a prática de demissões tem sido a política do banco. A alta direção anunciou, inclusive, que já reduziu 27.000 postos de trabalho em todo mundo. Não há investimentos nas pessoas. Na área de Tecnologia da Informação, por exemplo, o banco não desenvolve novas tecnologias e há suspeitas da pretensão em terceirizar serviços das áreas de comunicação, voz e dados. Os funcionários também denunciam extensão arbitrária da jornada de trabalho.
A situação dos companheiros do Paraguai também é preocupante. O banco já negociou a venda com o grupo colombiano GNB, que formou uma comissão para negociar com os funcionários. Os trabalhadores que estão perto da estabilidade (10 anos) temem por seus empregos, a carreira está estagnada, não há perspectivas de crescimento profissional.
No Uruguai, o banco está em transição para o GNB. Houve avanços na renovação do acordo coletivo de trabalho com validade até junho de 2013, mas os trabalhadores ainda desconhecem como será a política do grupo GNB.
No Brasil, mais insatisfação – Por aqui, o banco conta com 867 agências e aproximadamente 23.500 funcionários. Num cenário de denúncias por envolvimento do banco em operações de lavagem de dinheiro e perseguição a trabalhadores, existe um quadro generalizado de insatisfação. Faltam funcionários e há desvio de função nas agências. Áreas departamentais estão em estado de alerta em função da ameaça de terceirizações. Com as recentes notícias de que o banco está provisionando valores para pagar as multas de processos na justiça, os bancários temem que o pagamento da remuneração variável seja rebaixado, o que já aconteceu quando houve uma crise na Argentina.
Por fim, a Rede HSBC estabeleceu prioridades, como a realização de um Dia Internacional de Lutas, que exigirá da direção do HSBC respeito aos trabalhadores, às leis dos países onde atua, ao direito internacional e ao trabalho do bancário, reivindicando o fim das terceirizações.
A Rede vai buscar solidariedade internacional, já que a situação dos trabalhadores indica um estado de alerta, com necessidade de mobilização por todos os sindicatos filiados a UNI. A Rede solicita à UNI, especialmente à UNI Américas, que interceda junto a alta direção do banco para proteger os direitos e o emprego do trabalhadores bancários, atuando fortemente nos países onde está havendo aquisição do HSBC por outros grupos.