Neste ano de 2011, o dia 8 de março foi feriado de Carnaval. Que feliz coincidência, pois nesta data também é comemorado internacionalmente o Dia das Mulheres. O carnaval da CUT aqui no Paraná lembrou muito bem o tema: “Mulheres que lutam mudam o mundo”. E é isso que elas, as mulheres, têm feito nesses dois últimos séculos, buscando seu lugar ao sol.
Muitos avanços têm sido conquistados por essas guerreiras, e também por uma sociedade que passou a entender diferente o papel que a mulher tem. Criou oportunidades diferentes, lutaram por equidade de gênero nas mais diversas atividades, seja no mercado de trabalho, seja nas organizações sociais, partidos políticos ou entidades sociais. A cada dia, as mulheres ocupam mais espaço e cargos estratégicos a para essas entidades.
Porém, ainda há muito a se conquistar. Em uma apologia à festa de momo, é necessário que se coloque o bloco na rua, aqueles que têm a consciência de igualdade de gênero, de raça e credo, para que se avance ainda mais. Temos uma mulher na presidência, mas ainda temos que acabar com muitas injustiças cometidas contra as mulheres cotidianamente, tais como a violência domestica, as diferenças de salários que ainda se perpetuam (uma mulher ganha, em média 76%, do que ganha um homem na mesma função).
Nos dias de hoje, ainda se pretere as mulheres em determinados cargos e mesmo em vários empregos, pelo fato majestoso da maternidade, que lhe é próprio do gênero feminino. E a linguagem do Capitalismo, da busca desenfreada pelo lucro não consegue ter a sensibilidade de ver que a mulher tem características diferentes, o que para uma nação que quer ser soberana é fundamental. Pois, somente países populosos conseguem disputar hegemonia no mundo de hoje.
As mulheres têm dado outro tom para coisas que eram administradas apenas por homens e que, muitas vezes, patinavam em questões pequenas e sem importância. A perseverança das mulheres tem trazido diversos avanços para a organização social e para a vida coletiva como um todo. É nesse sentido que temos que passar a compreender uma sociedade compartilhada entre gênero. Pois não existe demérito nenhum em um homem cuidar dos filhos enquanto sua companheira está exercendo alguma posição importante na sociedade.
Esse compartilhamento tem aproximado mais os homens dessa compreensão, de que as mulheres não querem ocupar nosso espaço, mas querem apenas dividi-lo conosco, para que tenhamos também a experiência da educação dos nossos filhos de uma forma plena e não apenas na sustentação financeira. Discutir os rumos da organização doméstica, aprender noções básicas de economia doméstica, ajudar no dia-a-dia de nossos lares e dividir responsabilidades no núcleo familiar.
Somente assim estaremos de fato construindo uma sociedade verdadeiramente igualitária, em que homens e mulheres tenham uma relação de fato compartilhada, respeitando os limites e trazendo contribuições para que a vida seja leve para todos, em todos os sentidos.
Por tudo isso, é uma feliz coincidência que o Carnaval tenha caído na mesma data do Dia Internacional da Mulher, para que possamos entender o caráter democrático de introduzir em nossos círculos sociais a discussão de equidade de gênero, raça, credo e liberdades individuais, por que, isso é fundamental. Daqui para frente, além de respeitar o espaço conquistado com muita luta pelas mulheres, é necessário que compreendamos e entendamos que a sociedade atual rompeu diversos tabus.
Que esses tabus vencidos demonstram maturidade de uma sociedade que já foi muito penalizada por praticar descriminações contra negros, desumanamente escravizados; pessoas com orientação sexual destoante, que eram execradas do convívio social; contra as mulheres, que eram vistas apenas como donas de casa e mães de família, sem o direito de opinar em questões de política e mercado; contra trabalhadores como um todo, que eram categorizados como pertencentes a níveis diferentes.
É nesse sentido que deixamos um viva ao Carnaval e um magnífico 8 de março a todos, homens e mulheres, que lutam pelo fim das desigualdades sociais.