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Ética e hipocrisia

A reflexão é inerente ao ser humano. Mais para uns, menos para outros. Portanto, quando falamos em ética, nos referimos aos fundamentos morais que gozam de aceitação coletiva, um conjunto de normas de conduta.

Cada sociedade consolida e elege seu padrão moral ou ético. O que pode parecer errado para uma cultura, pode ser normal para outra. Em tempos de globalização e de hegemonia do “pensamento corporativo”, a ética se prima pela peça de propaganda, um merchandising. A construção da imagem se dá pelos instrumentos de “missão” e “visão” da empresa. A “ética nos negócios”, a “responsabilidade socioambiental”, a “qualidade de vida”.

Se a inflação corrói o dinheiro, os jargões depreciam igualmente a linguagem. Determinadas palavras de ordem expõem práticas contraditórias, pois, ainda que de maneira superficial, muitos profissionais reclamam da falta de coerência do que se prega e o que se pratica nos seus ambientes de trabalho.

Refiro-me aos bancários em específico. A propaganda dos bancos está entre as mais belas, obviamente porque pagam bem e são garantia de contas publicitárias polpudas. Quem as detém, não reclama, tampouco questionará a veracidade dos fatos. O que é propaganda passa a ser manipulação e indução ao erro, ou melhor, à lavagem cerebral.

Os bancos não anunciam que cobram os juros mais altos do planeta para empréstimos a pessoas jurídicas e físicas, que as tarifas são escorchantes. Não o farão, pois isto é censurado. Não dirão que suas práticas “competitivas” são regadas a pressão, desrespeito e demissões, produzindo um “novo colaborador” que apela progressivamente a remédios controlados e até à violação de valores morais para atingir as “metas”.

O que mais se ouve é: “ninguém vive sem metas”, ainda que se torne cada vez mais difícil conviver com as metas da forma como estão, enriquecendo os da cúpula e maltratando os da base.

Aí vem o segundo termo de nosso título: hipocrisia – o ato de cobrar de terceiros, condutas as quais não se crê, ou ainda, pregação de valores morais da boca para fora a fim de manter as aparências. Portanto, ética e hipocrisia se confundem na prática do ambiente de trabalho bancário.

A lógica do lucro, que submete todos os demais valores à sua planilha de curto prazo, cobra resultados que se evaporam tão logo obtidos, restando para o profissional (um ser humano por acaso) a constante sensação de incompetência, estopim para vários males de ordem psicológica.

A ética de fachada é hipócrita por natureza. A hipocrisia se serve da ética. De que lado você está?

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