Skip to content Skip to sidebar Skip to footer

Lições de uma greve sem segurança

Todos os anos, as mais diversas categorias se mobilizam para suas campanhas salariais, cada uma com suas especificidades e problemas. Os bancários, os vigilantes, os petroleiros, os trabalhadores da construção civil, os professores, entre outros. Porém, em alguns processos paredistas, existe uma solidariedade de classe, além de fatores que criam uma interrelação de categorias, como é o caso das greves de bancários e vigilantes. Qando elas acontecem, tanto uma como a outra, é necessário uma dose a mais de solidariedade e acompanhamento do processo.

Mesmo antes de iniciar o processo paredista, os dois Sindicatos sentaram e conversaram sobre a eminência da greve acontecer. O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região demonstrou todo apoio à greve dos vigilantes, categoria co-irmã. Mas não ficou somente nisso: organizou um aparato de orientações sobre em quais condições as agências poderiam funcionar e também disponibilizou diversas equipes para visitar as agências, verificando se as condições de segurança dos bancários estavam sendo atendidas. Afinal, os vigilantes são os verdadeiros escudos da nossa categoria.

Não é preciso falar que nenhuma das agências visitadas continuaram abertas. Em muitas delas, a orientação era para que funcionassem mesmo sem os dois vigilantes que exige a Lei 7.102 e que versa sobre segurança bancária. Mas a orientação de abrir as agências sem a devida segurança vinha de cima, geralmente das superintendências dos bancos, de forma verbal. Em nenhum caso, os gestores superiores que davam essa orientação irresponsável assumiam seus atos, jogavam nas mãos dos gestores das agências que, por sua vez, colocavam os bancários em perigo. No entanto, esse era o menor dos erros.

Muitas outras irregularidades foram denunciadas pelo Sindicato: acúmulo de função, como no caso de bancários, sem função nem o preparo necessário, que tiveram que cuidar de portas giratórias; bancários saindo e entrando das agências com numerários; funcionários nas áreas de auto-atendimento, sem as mínimas condições de segurança. Isso sem falar na falta de sensibilidade e respeito para com a população de baixa renda, pois em muitos bancos foi constatada descriminação de clientes (eram selecionados para atendimento os clientes com melhores contas, enquanto para os demais o banco estava fechado).

O Sindicato utilizou todos os meios possíveis para externar sua posição de que sem segurança os bancos não deveriam abrir. Mas essa orientação, que visa principalmente a segurança da categoria, além do cumprimento da Lei 7.102, não foi respeitada. Na ânsia pelo lucro e pelas melhores posições no ranking financeiro, os bancos abriram mão até mesmo da segurança de seus trabalhadores.

Portanto, é necessário que tiremos algumas lições do processo de greve dos vigilantes:

A primeira delas é que banqueiro não tem coração, pois para obter o almejado lucro expõem sem nenhum pudor aqueles que o servem às mais cruéis situações de assédio e falta de segurança.

A segunda é que necessitamos adequar as necessidades da categoria bancária com a dos vigilantes em um calendário único de lutas, em que coincidam datas bases e campanhas salariais, pois assim ambas as categorias estariam mais fortes e organizadas, com condições de avançar nas conquistas. Mas os patrões e banqueiros sabem o quanto isso poderia nos fortalecer e resistem a essas mudanças de calendário. Usam a lógica maquiavélica do “dividir para governar”.

E a terceira lição é a da necessidade de identificar quem, de fato, esta do nosso lado. Ou seja, valorizar o Sindicato, pois, no caso da greve dos vigilantes, tivemos uma presença forte, seja do ponto de vista da orientação para que as agências não abrissem sem as condições de segurança, seja para os bancários não se colocarem em risco. E aqui cabe alertar que, quando se fala em segurança, existem normas a serem seguidas, e que, muitas vezes, os bancos não as seguem para evitar gastos.

Quando os assaltos acontecem é necessário que uma das primeiras providências seja o contato com o Sindicato, para a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Já foram registrados inúmeros casos de danos mentais ou psicológicos advindos de um evento traumático, Caso o Sindicato não seja comunicado e a CAT não emitida, perde-se o nexo casual de problemas posteriores advindos do assalto sofrido.

Por fim, ressaltamos que uma das conquistas da Campanha Nacional dos bancários 2010 foi a inclusão de uma nova cláusula na CCT 2010/2011 que trata da Segurança Bancária, pois, como se trata de um assunto bastante delicado, esperamos que a questão seja tratada com mais responsabilidade.

Deixe um comentário

0/100

Sign Up to Our Newsletter

Be the first to know the latest updates

[yikes-mailchimp form="1"]