Vestidos de preto e diante de caixões, os bancários de Curitiba e região montaram um “velório” para protestar contra as arbitrariedades cometidas pelo banco inglês.
Os trabalhadores bancários no HSBC anteciparam o Dia de Finados e realizaram no começo da tarde desta sexta-feira, 30 de outubro, um velório em frente ao Palácio Avenida. Foi mais um ato da jornada de luta por mais respeito, valorização dos trabalhadores e por uma Participação nos Lucros e Resultados (PLR) digna.
Vestidos de preto, os dirigentes fizeram discursos explicando os motivos para realização do ato e entraram na agência Palácio Avenida com as flores e caixões, mesmo enfrentando a resistência dos seguranças. No final do protesto, encerraram o funeral queimando os caixões.
“O protesto foi contra a postura desleal e arbitrária adotada pela direção do HSBC. Não podemos admitir que ajustes contábeis feitos pelo banco prejudiquem a distribuição justa dos lucros aos bancários”, enfatizam os dirigentes sindicais.
Os representantes dos bancários destacaram que a insatisfação está aumentando no HSBC e que a redução da PLR está sendo a “gota d’água”. O valor pago pelo banco não reflete o esforço dos bancários, mesmo assim, o banco não está demonstrando vontade de rever seu posicionamento. Os dirigentes salientaram que estão recebendo constantes denúncias dos bancários e mensagens de apoio aos protestos. Nas mais recentes reclamações, os trabalhadores relataram que estão sendo convocados por seus gestores a atingir as metas, como se eles fossem responsáveis pela “queda do faturamento” do banco e, por consequência, culpados pela “péssima PLR paga”.
“Estamos realizando o velório da falta de transparência, da ausência de diálogo e vontade de negociar e da metodologia nefasta adotada pelo departamento de Recursos Humanos do HSBC”, afirmou Marco Aurélio Cruz, dirigente sindical e trabalhador no HSBC.
Carlos Kanak, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados do HSBC, lembrou que o presidente do HSBC Conrado Engel retirou o blog da presidência do ar devido a grande quantidade de críticas que recebeu após o banco ter “lesado” o bolso dos trabalhadores pagando um valor muito reduzido de PLR.
O bancário Edílson José Gabriel, do Sindicato dos Bancários de Umuarama, que esteve presente ao ato, comentou que se tratava de um velório diferente. “Estamos chorando não pelos que se foram, mas pelos que ficam. Os trabalhadores que atuam no HSBC estão indignados. Afinal, quem aceita trabalhar cada vez mais e ganhar cada vez menos?”, questionou aos curitibanos que estavam acompanhando ao ato. O dirigente sindical lembrou que a população ao ver os bancários do HSBC sempre muito bem arrumados, de terno e gravata, trabalhando com o ar condicionado ligado, imaginam que estes funcionários são muito bem pagos. Edílson José Gabriel destacou que, infelizmente, isto não é verdade. O bancário do HSBC é um dos que recebe pior remuneração no setor bancário.
Lembrando as exorbitantes taxas de juros cobradas pelo banco inglês e a postura de exploração adotada pelo HSBC no país, a dirigente sindical Sonia Boz, bancária na Caixa, destacou que atuação da empresa está sendo de “pilhagem”. “O HSBC, banco que faz o show de Natal com crianças carentes no Palácio Avenida, vendendo a sua responsabilidade social não tem esta postura com seus trabalhadores. O banco inglês explora os brasileiros visando apenas enviar mais lucros para sua matriz”, afirmou.
Motivos – Após a assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho 2009-2010, que garante a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 90% do salário, mais parcela fixa de R$ 1.024, além do adicional de 2% do lucro líquido distribuído linearmente entre todos os bancários, o HSBC apresentou um balanço do primeiro semestre absurdamente reduzido. O lucro real de R$2,1 bi foi alterado para apenas R$ 250 mi, valor tomado como base para o cálculo do adiantamento da PLR.
De acordo com a justificativa do banco, a redução se deve ao provisionamento de R$ 1,9 mi para possíveis gastos com devedores duvidosos que, por sua vez, foi realizado em virtude da crise econômica, quando todas as instituições financeiras sofreram fortes impactos, que exigiram maiores níveis de provisionamento. No entanto, se forem comparado os números de 2008 e 2009, fica claro que o volume de dinheiro emprestado pelo HSBC neste ano subiu apenas 4,59%, enquanto a provisão cresceu exagerados 87,85%. É esta postura desleal que esta causando indignação e revolta entre os trabalhadores.