Reconhecido legalmente em 1942, mas na luta desde 1932, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região completa em 30 de março de 2011, 69 anos do seu reconhecimento legal. Porém já estava à frente das lutas sindicais dos bancários desde o começo da década de 30, mais especificamente do dia 06 de julho de 1932, quando foi fundado.
O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região passou por diversos momentos difíceis durante essas muitas décadas de sua existência, enfrentou o Estado Novo varguista, viu muitos brasileiros irem para as fileiras da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para lutarem contra o Eixo do mal, capitaneado por Hitler.
Lutou pela abertura política e participou da reorganização da sociedade civil, com a promulgação da constituição de 1946. Acompanhou de perto e levantou bandeiras na campanha O Petróleo é Nosso. Esteve presente nas lutas contra a venda da Copel, defendeu a bandeira contra a privatização do Banestado.
Viveu intensamente o período de desenvolvimento econômico, conhecido por nacional desenvolvimentismo. Viu muitos brasileiros serem perseguidos por terem opiniões políticas e visão de uma sociedade diferente, muitos bancários inclusive, que sofreram as agruras dos porões da ditadura de 1964, acusados de serem comunistas, pura e simplesmente porque queriam uma sociedade mais justa, mais fraterna e com condições sociais de desenvolvimento para todos.
Acompanhou a abertura política e a luta por democracia na busca por uma constituinte no país e também acompanhou promulgação da Constituição Política de 1988. Lutou ao lado do povo pelo impeachment de um presidente, além de enfrentar ao lado dos bancários e do povo diversos processos eleitorais.
Foi também um dos protagonista da chegada ao poder dos trabalhadores, com a eleição e a reeleição do primeiro presidente trabalhador. E também sempre compreendeu e levantou bem alto a bandeira de participação das mulheres na política, participando ativimente da eleição da primeira mulher eleita presidenta do Brasil. O Sindicato dos Bancários de Curitiba é sem dúvida um dos grandes atores das conquistas do povo curitibano, paranaense e brasileiro.
Mas passou também por momentos de um movimento sindical assistencialista, onde as lutas da categoria eram fechadas nas mesas dos banqueiros, sem que houvesse a participação da categoria bancária na construção das suas minutas históricas. Isso quando os sindicatos se transformaram em associações, ou sofreram intervenções do governo em suas direções, deixando seu verdadeiro papel de lado, o da representação dos trabalhadores nas questões salariais e na busca por melhores condições de vida e dignidade para os bancários.
Chegou a ter apenas atividades cosméticas, tais como oferecer salão de beleza, dentistas, médicos. Porém essa fase assistencialista sempre teve resistências daqueles que compreendiam o sindicato como importante instrumento de luta dos trabalhadores bancários e da sociedade organizada. E por terem essa visão muitos sofreram perseguições.
Não podemos esquecer das conquistas que tivemos durantes esses períodos. A jornada de 6 horas, as caixas de previdência, as campanhas nacionais, os acordos nacionais. Ainda hoje somos uma das únicas categorias que consegue celebrar uma convenção nacional que garante a todos os trabalhadores ganhar mesmo salário, as mesmas cláusulas sociais, os mesmos benefícios em todos os cantos desse nosso país continental.
Foram diversas greves da categoria que se transformaram em greves históricas: as greves de 1934, de 1946, de 1951, de 1964 e de 1967; em plena ditadura militar as greves das décadas de 1970; as greves do período de abertura política do início dos anos 80, em conjunto com a campanha Diretas Já, momento que surgiu a Central Única dos Trabalhadores e o Departamento Nacional dos Bancários (DNB/CUT).
Com as greves dos anos 90, passamos por movimentos de moralização da política brasileira, como o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Com o surgimento da Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT), as greves trouxeram conquistas da convenção nacional. Passamos pelas greves dos anos 2000 e o pelo surgimento da Contraf/CUT.
Em todos esses momentos, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região foi protagonista ativo dessa organização e dessas mudanças. Um sindicato forte, de luta, combatividade e independência política, que sempre teve como norte o papel de um sindicato cidadão. Que tem como prioritária a categoria bancária e suas conquistas, mas entende que os bancários são cidadãos e vivem no espaço geográfico de representação do sindicato. A entidade nunca deixou de estar inserida nas principais lutas da população.
Esses acontecimentos é que são a sustentação histórica e filosófica do nosso Sindicato dos Bancários de Curitiba e região. Um sindicato diferente, presente no dia a dia dos seus trabalhadores, mas também com presença nas questões nacionais e também internacionais. Pois com a configuração que tomou o sistema financeiro de internacionalização do capital, os bancos se tornaram empresas internacionais, e o movimento sindical combativo também trilhou esse caminho de não deixar de observar que os trabalhadores bancários devem ser iguais em todos os países onde seus bancos estão presentes. Organizamos a categoria para que se criem acordos marcos globais, beneficiando bancários sempre os mesmos direitos independente dos países onde estiverem.
É por todos esses motivos que não podemos deixar de lembrar essa data de 30 de março de 1942, pois esse reconhecimento foi fundamental para consolidar o que havia começado a ser construído 10 anos antes, com tanto vigor que se estendeu já por mais de sete décadas. Ainda há muito fôlego para, rumo aos seus 80 anos de lutas, seguir conquistando ainda mais benefícios para os bancários e financiários de Curitiba e região metropolitana.
Parabéns a todos os Bancários e a seu Sindicato pelo aniversário de 79 do seu reconhecimento legal.
Otávio Dias
Presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região