Por Ivone Silva
O diretor-presidente do banco Bradesco, Octavio de Lazari Junior, em vídeo que circula nas redes sociais desde sábado, 04 de junho, elogia o Exército Brasileiro e o período em que passou por uma formação militar. O vídeo mobilizou as redes sociais. Na gravação, o CEO de um dos principais bancos do país, diz que há 40 anos se apresentava como “Soldado 939 Lazari“. Ele conta que durante um ano, em 1982, a apresentação fazia parte da sua rotina. Ao final do vídeo, ele encerra dizendo que segue de prontidão. “Passam os anos e algumas coisas não mudam e o soldado 939 Lazari continua de prontidão”.
Em 2018, após a eleição do presidente Jair Bolsonaro, Lazari disse em nota para o jornal O Globo que se sentia “revigorado”. “A partir deste cenário, nos sentimos revigorados para dar início a um novo ciclo de reformas estruturais no sentido de modernização do Brasil”, afirmou ele, na época, em comunicado ao jornal. No Fórum Econômico Mundial de Davos, em maio, Lazari minimizou as ameaças antidemocráticas de Bolsonaro e disse que “o sentimento deles é de que o Brasil tem uma democracia consolidada”.
A declaração de Lazari, em um vídeo em que aparece o logo do Bradesco, e por isso, de forma institucional, precisa ser esclarecida pelo banco. Estamos em um ano com frequentes ataques do presidente da república contra a democracia e ao processo eleitoral e insinuações golpistas em relação ao sistema eleitoral brasileiro. Os bancos são uma concessão pública e é importante que as instituições financeiras, responsáveis por cuidar do dinheiro da população, sejam um instrumento para o desenvolvimento, com respeito ao Estado Democrático de Direito.
Desde a eleição em 2018, Bolsonaro tem atacado sistematicamente o Judiciário, a imprensa, universidades, organizações sem fins lucrativos e movimentos sociais, o que impõe ameaça significativa à democracia no Brasil. O governo também incluiu 6 mil militares em cargos públicos. O porta-voz de uma instituição de quase 87 mil trabalhadores tem de ter responsabilidade com toda a sociedade, não somente com os acionistas que têm lucro, mas também com os seus trabalhadores e clientes.
O movimento sindical bancário tem a defesa da democracia como bandeira de luta permanente e espera que a direção do Bradesco esteja alinhada com essa posição.
Ivone Silva é presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.
Fonte: SP Bancários