A ação em frente à sede do Banco do Central acontece todas as quartas-feiras e conta com a participação de diversos movimentos organizados
Todas as quartas-feiras, antes mesmo de o sol nascer, militantes de diversos movimentos começam a organizar faixas e cartazes para a atividade do dia. Um pouco mais tarde, das 7h às 9h, o grupo se reúne em frente à sede do Banco Central, no Eixão, para exigir a imediata redução da taxa básica de juros (Selic) no Brasil ─ fixada em 13,75%.
O primeiro ato da vigília permanente aconteceu na quarta, 12 de julho. Além da CUT-DF, sindicatos, partidos políticos e organizações populares integram a organizam da atividade. A expectativa é que, ao longo dos dias, a mobilização ganhe mais apoio.
O comerciário Tiago Neves é um dos manifestantes que tem fortalecido o movimento. Outras categorias, como bancários, ectistas e trabalhadores da limpeza urbana, também são presença constante na atividade.
“É muito importante a participação de diversas categorias nesse movimento, porque os juros baixos vão beneficiar todas e todos. Dessa forma, o consumidor vai voltar a comprar mais, os investidores vão investir e teremos mais empregos. Hoje, com a taxa de juros nas alturas, as empresas estão fechando, os trabalhadores estão sendo penalizados e perdendo seus empregos. Por isso, seguiremos em luta pela redução da taxa de juros”, disse.
A servidora pública do judiciário e também secretária de Comunicação da CUT-DF, Ana Paula Cusinato, também tem participado das ações em frente ao BC. Para ela, a mobilização é fundamental para levar o país a novos rumos. “O impacto dessa taxa de juros alta, imposta pelo presidente do Banco Central Campos Neto, tem impacto em nossas vidas, porque impede a criação de novos postos de trabalho, a possibilidade de compra da casa própria, aumenta o preço dos alimentos no supermercado, mantém a lógica de priorizar rentistas e exclui quem de fato produz, quem faz o Brasil acontecer. Fora o impacto nos serviços públicos prestados. Os juros no Brasil precisam baixar agora”, afirmou.
Estelionato eleitoral
Referência para os demais juros da economia brasileira, a Selic é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que se reúne a cada 45 dias e tem como membros o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, e outros diretores. Vale lembrar que Campos Neto foi indicado por Bolsonaro e deve permanecer no cargo até 2025.
Na avaliação do presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, a ausência de sinergia entre a política monetária implementada pelo BC e o projeto popular eleito nas urnas em 2022 tem se revelado um grande entrave para o crescimento econômico e social do país.
“Lá em 2022, elegemos Lula, elegemos com ele um projeto de governo que tem como prioridade a classe trabalhadora, o povo brasileiro. Entretanto, apesar dos avanços que tivemos, o governo tem encontrado dificuldade para colocar em prática esse projeto porque o BC tem impedido o Brasil de crescer. Não dá mais. Não há justificativas para manter a Selic nas alturas. É preciso que a instituição reveja seu posicionamento e baixe os juros o quanto antes”, disse o sindicalista.
A próxima reunião do Copom acontece nos dias 1º e 2 de agosto e a expectativa é que, após pressão dos diversos setores da sociedade, haja redução da Selic.
“É fundamental que sigamos mobilizados e que, nestes dois dias em que o Copom se reúne, intensifiquemos a pressão. A história nos mostrou que só nossa mobilização é capaz de impedir e reverter os retrocessos”, finalizou Rodrigues.
Autor: Leandro Gomes | Fonte: CUT Brasil