A cidade que eu quero é Curitiba. Mas ela precisa mudar, ser mais humana, mais justa, democrática e atender melhor as pessoas. Vivemos numa cidade já comprovadamente como sendo uma das melhores cidades do mundo em termos de infraestrutura, de transporte, planejamento e plano diretor. Mas para que as pessoas sejam felizes não basta somente o bom concreto e o ônibus não atrasar.
Por isso acredito que a cidade que eu quero precisa ser inclusiva, levar em conta que não existem somente alguns bairros que precisam e que de fato recebem a atenção necessária. Afinal, a cidade que moro tem setenta cinco populosos bairros que precisam da mesma atenção por parte do poder público, como aqueles alguns poucos considerados bairros nobres e servem de modelo e são almejados por todos que a eles não tem acesso.
Outra concepção de cidade é fundamental e necessária que se construa. Que ultrapasse o frio e duro concreto armado, que tenha os olhos voltados para as pessoas, para o desenvolvimento das cidadãs e dos cidadãos e da própria cidade. E agora é o momento oportuno para que nos façamos reflexões importante para o que queremos para nossa cidade. Onde pensemos que ainda é necessário que haja intervenção do poder público para que ela melhore e seja de fato uma cidade onde nos dê orgulho de viver, onde nos dê orgulho de criar nossas filhas e filhos.
Isto sim é importante na cidade que eu quero. Para que possamos mudar a lógica de estarmos sempre na dependência do que a cidade deixa de nos oferecer. Mas para que passemos a exigir da cidade e de seus eleitos mandatários, nossos representantes o que ela, a cidade, precisa nos oferecer em termos de as melhores condições de vida, de trabalho, de lazer, de infraestrutura, enfim, de dignidade cidadã.
Olhar para a cidade que queremos e esperar que o olhar dela nos seja reciproco é fundamental para que nos sintamos parte integrante do nosso local, do espaço onde vivemos e onde vivem os nossos. Mas para que tenhamos esse olhar voltado para nós, para o nosso dia-a-dia, temos que pensar sociologicamente a cidade. Entende-la, conhece-la saber quais são os seus principais problemas e principalmente quais as soluções podemos apontar para construir um programa político e eficaz para a toda a cidade.
Tão importante quanto apontar esse eficaz e consistente programa político para melhorar a cidade, é ter também claro o viés ideológico que não fuga dos problemas que enfrentamos atualmente no cenário político nacional, até por que é Curitiba o epicentro desse debate. Daí é fundamental que nessa caminhada o bom debate político e ideológico, que fuja da atual interpretação da mídia atual e dos tradicionais políticos, que sempre se locupletaram com a situação social e política da cidade. Mas ao inverso, é necessário que se possa de fato trazer para o cenário da discussão política, os
verdadeiros intentos da atual política, que encobre a arquitetura de um ataque sem precedentes a nossa jovem democracia.
A efervescência política que atualmente se enfrenta tem claro objetivo destruir um projeto político de classe que vem sendo construído desde o início do novo milênio e que tem o caráter e a essência popular. E aos olhos daqueles que foram desalojados do governo ao perder as eleições em 2002, é necessário que de qualquer forma, de qualquer jeito se interrompa o ciclo que lá se iniciou. Pois se continuarmos nessa mesma toada do progresso desenvolvimentista em que estávamos a tendência de impossibilidade de romper esse ciclo se consolidaria. E poderemos ter um uma longa sequência de governos democráticos e populares.
Devido a esse fator há uma ofensiva clara das elites em tentar interromper esse ciclo de governo democrático e populares de Luís Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff. Por isso as elites tradicionais do país criaram essa crise. E por mais incrível que pareça, Curitiba, a nossa cidade acabou se transformando na sede desse projeto das elites política de arquitetar esse golpe, pela via jurídica, buscando criminalizar apenas pessoas de um único partido político. Quando o que está historicamente errado é o sistema político e eleitoral como um todo. Que é organizado em função da corrupção no jogo eleitoral, onde os processos se dão com cartas marcadas, pois lógica do financiamento privado das eleições é o que mantém o atual e corrupto sistema eleitoral em pé e funcionando. Ou seja, funcionando com a indicação de nomes por parte dos financiadores após os processos eleitorais para ocuparem postos chaves e estratégicos que permitam facilitar os canais e os veios da corrupção. E para confirmamos isso basta darmos uma pequena observada na forma como funcionam as doações de empresas privadas e também nos principais doadores de campanha, grandes Bancos, grandes indústrias, latifundiários. Que não tem um candidato para doar, mas doam para todas as campanhas. Usando a lógica eleitoral a seu favor, pois qual seja o candidato que ganhe esse estará na sua folha de pagamentos.
E as elites golpistas não apostam somente na alternativa jurídica, pois se concentram e arquitetam diversas formas de golpe institucional, que vem sendo implementadas desde os recursos ao resultado das eleições onde em aliança, o projeto democrático e popular se sagrou vencedor. E a isso se segui a construção de um clima de intolerância e ódio é parte constitutiva do cenário desse teatro. Pois é, e foi a única forma que as elites arranjaram para também em outras frente tentar o golpe, se não de forma jurídica, mas de forma institucional, senão de uma ou de outra, com a fomentação do ódio e da intolerância.
Um dos principais problemas da tese do golpe institucional é que ela colocou fogo no país, dividindo-o, pois o Partido dos Trabalhadores – PT não é o Partido da Reconstrução Nacional – PRN, o partido do ex-presidente Collor de Melo à época do seu impeachment. O PT é um partido enraizado e que tem base social, tem penetração importante em diversos segmentos dos movimentos sociais da cidade e do campo. E as resposta as tentativas de golpe institucional foram dadas e claramente combatida nas ruas, com organização popular e resistência democrática contra o Golpe.
Voltando a questão de pensar a cidade, não podemos fugir desse debate político que é eixo fundamental para termos uma visão do todo, quando pensamos a cidade que queremos, pois o debate ideológico em de defesa da organização social para defender a democracia, aliada ao mesmo tempo em como pensar a cidade e como deixa-la mais humana para todas as curitibanas e curitibanos é fundamental. E ai podem as cidadãs e cidadãos de Curitiba ter a tranquilidade que o exemplo de administração social que tivermos ao nível federal demonstrando por esses 12 anos a preocupação com as classes sociais menos favorecidas no Brasil, é o que vai ser implantado aqui em Curitiba.
E no atual cenário em Curitiba está totalmente desconectada das políticas do governo estadual, com problemas sérios e objetivo para resolver em diversas áreas, como a do transporte coletivo, onde a cidade perdeu o histórico glamour de ser um dos melhores modais de transportes coletivos do Brasil, em função da inabilidade política tanto do atual prefeito como do atual governador em resolver de forma administrativa o problema, mas ao contrário só o agravaram.
Nunca vimos uma situação parecida nos últimos tempos, em questão de transporte coletivo, pelo contrário sempre fomos exemplo em modais, em novidades, em integração, em renovação de frota. Não é à toa que tínhamos o título e a inveja de outras cidades do Brasil, quando o assunto era transporte coletivo, sempre fomos elogiados nesse tema. Depois da chegada de Beto Richa – PSDB, o governador que bate em professores e em profissionais da saúde, ao governo municipal e do prefeito Gustavo Fruet a prefeitura municipal Curitiba isso mudou. Escapou pelas mãos de ambos a integração do transporte que existia em nossa cidade metrópole que garantia a comodidade e a economia no bolso de dezenas de milhares de trabalhadoras e trabalhadores que vivem na região metropolitana, mas trabalham em Curitiba.
E a briga nitidamente política, regida por interesses privados das empresas de transportes em manter a ganância e o lucro das suas empresas, fazem com que as duas administrações, tanto a estadual como a municipal deixarem os interesses dos usuários do transporte coletivo de Curitiba e região em segundo plano, com dezenas de milhares de pessoas que vivem no entorno de Curitiba numa situação de gastos, que seus bolsos não podem suportar em função dos baixos salários que recebem, ou seja, passam essas trabalhadoras e trabalhadores a não ganhar o suficiente para trabalhar com decência, sendo que muitos desses, não contam nem ao mínimo com um trabalho decente.
Resultado de tudo isso se traduz na gestão da atual. Gestão morna, com exceção do trabalho de algumas secretarias. Mas uma gestão morna que não se preocupou em ir além do concreto armado, deixando os curitibanos decepcionados. Não atendeu como prometeu, melhor as pessoas, não deu visibilidade para todos os bairros, enfim, uma gestão meio. Meio ruim, meio boa, enfim média. A não ser pelo papel que alguns poucos com altivez e determinação, como a vice prefeita, Miriam Gonçalves, que incansavelmente se fez presente nas agendas que de fato importavam, as agendas dos movimentos sociais, da economia solidária, das mulheres, dos jovens, dos menos favorecidos e das trabalhadoras e trabalhadores. Inclusive não se relegando ao mero papel de vice prefeita estando a frente da Secretaria do Trabalho e Emprego de Curitiba por três anos. Só saindo quando findou a aliança do PDT com o PT de Curitiba, e esse último resolveu por entregar as secretárias que haviam sido indicadas na aliança. Mantendo-se somente na vice prefeitura por que para isso ela foi eleita. Diferente de alguns outros que preferiram os cargos ao seu compromisso com as ideias e a ideologia política. Tivesse o prefeito tivesse a metade da disposição e da determinação que a vice demonstra em seu cargo, teria tido uma gestão acima da média. Ela e alguns outros poucos é que deram a condição para que essa gestão seja considerada média, senão nem isso seria.
Importante poder fazer essas constatações e discutir a nossa cidade de Curitiba. Pois está novamente próxima a época de escolher os condutores dos destinos da cidade para os próximos 4 anos, com a aproximação das eleições municipais. E para conseguir a cidade que eu quero, considero fundamental ter alguém qualificado e com o um projeto político e um programa social muito bem definido e construído a mãos populares, que aponte para a resolução dos problemas da cidade, que pense nas pessoas e não somente, como já afirmamos no início desse artigo, olhe para o duro concreto armado.