O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, indaga: Qual o motivo da inércia do Governo Federal diante do movimento grevista da Caixa?
A população sofre, os empregados da Caixa permanecem ansiosos aguardando um desfecho para que possam retornar ao trabalho e a empresa se mantém calada, sem apresentar qualquer melhoria na proposta apresentada no último dia 13. Se mostrando ainda mais autoritária, a instituição financeira ingressou com pedido de dissídio coletivo, alegando a abusividade da greve. Mas o Tribunal Superior do Trabalho já negou que existam exageros no movimento grevista e agendou uma audiência de conciliação para manhã (21), a partir das 9h, em Brasília.
Entretanto, o que se pode ver em uma breve análise do noticiário nacional é que o Governo Federal pode estar se beneficiando de uma greve tão extensa na Caixa Econômica e, portanto, não fazendo qualquer esforço no sentido de solucionar esta questão.
Dois fatos podem subsidiar esta hipótese. O primeiro é de que a imprensa noticiou amplamente a tentativa do Governo em protelar a restituição do Imposto de Renda com intuito de ter mais dinheiro em caixa. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se viu pressionado a recuar e, desta forma, R$ 3 bilhões não foram utilizados para engordar os cofres públicos. O segundo fato é de que, com a mesma intenção, ou seja, cumprir as metas fiscais deste ano, R$ 5,3 bilhões serão transferidos de depósitos judiciais que estavam na Caixa Econômica para o Tesouro Nacional. Segundo a Agência Estado, o dinheiro só está disponível porque o Congresso converteu em lei, no dia 13 de outubro, a Medida Provisória 462, que permite a transferência ao Tesouro de depósitos judiciais feitos na Caixa antes de 1998.
Com as agências da Caixa fechadas em todo o país, a presidente Maria Fernanda deixa de investir os recursos do Governo Federal nos programas habitacionais e sociais que são executados com competência e dedicação pelos funcionários da Caixa. Muitas vezes, inclusive, nos finais de semana.
Assim, os 27 dias de greve, que são para bancários um instrumento de luta, são objeto de criminalização por parte da Caixa, que utiliza o interdito proibitório e exigiu a mediação do TST ao ajuizar o dissídio, alegando a abusividade da greve. Lembramos: a greve é um direito garantido pela constituição, o que foi devidamente reconhecido pelo TST ao indeferir o pedido da instituição financeira.
Até quando a sociedade de baixa renda vai continuar sendo penalizada por essa irresponsabilidade e descaso da Caixa, uma vez que os clientes “preferenciais” continuam realizando suas operações normalmente? O Governo Federal tem uma parcela importante de irresponsabilidade neste descaso, afinal a Caixa é Federal e o governo é o seu controlador.