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Agora chega: os banqueiros abusaram. Todos à GREVE!

No último mês de agosto e início do mês de setembro, nós buscamos dialogar com os bancos para que pudéssemos fechar um acordo coletivo digno para os bancários, sem a necessidade de entrarmos em greve. Mas, como conhecemos com quem estamos lidando, não era de se esperar que eles apresentassem algo razoável. Dito e feito! Os bancos, como sempre, enrolaram você, bancário e bancária, e seus representantes na mesa de negociação por mais de quatro rodadas.

Na última reunião, quando esperávamos que os bancos tivessem a hombridade de reconhecer os esforços que os bancários fazem para que eles tenham os lucros que têm tido nos últimos anos, o que recebemos? Uma proposta que é muito aquém das necessidades dos bancários. Ou seja, os banqueiros abusaram! Apresentaram-nos um índice rebaixado e ainda disseram que já tivemos aumentos reais demais nos últimos tempos, que “é hora de parar com essa evolução”. Como se fossem eles que, de boa vontade, nos dessem esse aumento real. Não foram eles – os banqueiros – que nos deram esses aumentos; fomos nós, organizados nas campanhas salariais históricas do passado, que os conquistamos com muito suor, muita luta e com as greves que fizemos. Mas nossa paciência tem limites.

Desde o dia 05 de maio, estamos reivindicando mudanças na regra da PLR; queremos uma distribuição justa, com regras claras e para todos (inclusive para os afastados). Mas a proposta apresentada no dia 17, além de não atender os anseios dos trabalhadores, não está condizente com os resultados apresentados pelos bancos. Esta proposta, inclusive, reduz o teto de distribuição de 2,2 salários para 1,5 e o limite de pagamento de R$ 13.862 para R$ 10.000. O valor adicional, que em 2008 poderia chegar a R$ 1.980, nesta nova proposta, é de no máximo R$ 1.500.

Está claro que só com muita garra e mobilização conseguiremos tirar dos “agiotas da nação” uma PLR mais digna. Só assim poderemos melhorar nossos salários e ter alguma nova conquista.

Etapas – A divulgação da Campanha Salarial em Curitiba e região metropolitana, realizada nas últimas semanas, foi bastante intensa. Além disso, as reuniões por local de trabalho nos bancos públicos também completam essa etapa divulgação. Com o espírito dos bancários preparados, nós entramos agora em uma outra etapa da campanha: a preparação para a greve, pois a intransigência dos banqueiros em negociar não nos deixam alternativa. Por isso, precisamos lotar as assembleias de todo o país no próximo dia 23 (quarta-feira).

Durante a primeira etapa, estivemos em praticamente todas as regiões da capital paranaense. Visitamos também cidades importantes da região metropolitana, como São José dos Pinhais, Araucária, Pinhais, Campo Largo e Colombo. Entramos em dezenas de agências e departamentos do maior banco da base do Sindicato em Curitiba, o HSBC. Com irreverência e alegria, mas com toda a seriedade que o momento exige, falamos com todos os nossos amigos bancários e bancárias. Não nos preocupamos em fazer tal cálculo, mas, com certeza, nessas andanças pela cidade e pela região metropolitana, visitamos bem mais de 10.000 mil bancários (em uma base que totaliza 17.000 mil bancários). Estes trabalhadores ouviram de nós – dirigentes sindicais – explicações sobre o andamento da Campanha Salarial Nacional de 2009.

A partir desse trabalho inicial de esclarecimento, nós do sindicato dos Bancários de Curitiba e região acreditamos que os bancários estão convencidos da necessidade da participação nas assembleias e, se for o caso, da greve, para arrancar dos banqueiros um proposta digna – para que assim possamos chegar em casa, olhar para nossos filhos e filhas, e nos orgulharmos de fazer parte de uma das categorias mais organizadas do Brasil; organização que tem, ano a ano, melhorado nosso piso salarial e nossas condições de trabalho e saúde.

Notamos que mesmo os trabalhadores dos bancos privados estão com um espírito diferente este ano. É por isso é que propusemos como fundamental, nessas andanças pela cidade, a participação de uma comissão de esclarecimento, que foi responsável por mostrar como o índice reivindicado pela categoria foi construído, bem como as demais propostas que resultaram na minuta, entregue em agosto para os banqueiros.

Temos uma campanha racional, que pede o mesmo reajuste que os bancários do Brasil inteiro estão pedindo – e que foi referendado pelo movimento sindical na Conferência Nacional dos Bancários, em que estiveram representados mais de 100 sindicatos do país, que, por sua vez, representam centenas de milhares de bancários e bancárias do Brasil. Essa Conferência apontou a construção da Campanha Salarial de 2009 sobre quatro eixos estratégicos:

1) Emprego. Os bancários não aguentam mais as condições a que estão submetidos no dia-a-dia; muitas vezes, nem mesmo dormem direito, pois as metas são fator de stress e nervosismo; o individualismo tomou o lugar do esforço coletivo, pois por causa da remuneração variável vale qualquer coisa; e a ameaça de demissão é um fantasma que ronda os bancários. Exigimos que os banqueiros (que não sofreram com a crise, muito pelo contrário, se beneficiaram dela, pois receberam recursos para manter os níveis de crédito ao mercado) deem sua contrapartida, garantido o emprego dos bancários ou, pelo menos, não os dispensando imotivadamente, assim como exige a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Isto é o mínimo que se pode esperar daqueles que, somente no primeiro semestre de 2009, ganharam mais de R$ 14,3 bilhões.

Sobre remuneração total, o movimento sindical não pode mais se esquivar dessa discussão importante. Hoje, só se contrata um terço de tudo o que os bancários recebem, ou seja, somente a terça parte dos rendimentos dos bancários está convencionado em acordo coletivo. Portanto, é dever do movimento sindical chamar essa discussão para si, pois os bancos estabelecem os critérios que bem querem para suas metas e como vão pagá-las. É preciso que convencionemos a remuneração total dos bancários para que possamos compreender a composição do salário e, assim, lutar por um salário que siga as regras a que estão submetidos todos os trabalhadores brasileiros e para que essa remuneração se reflita nos benefícios como INSS, PIS, FGTS, sobre as férias.

2) Saúde e Condições de trabalho. Os bancários brasileiros estão adoecendo muito; e os bancos têm uma postura descompromissada com a questão da saúde, pois preferem criar um exército de pessoas com LER/Dort, terceirizando, então, o problema para o Estado, para o INSS, que assumem as responsabilidades pelo afastamento desses bancários e bancárias. Exigimos que os bancos mudem sua postura com relação à saúde e as condições de trabalho; que invistam em prevenção e em ergonomia dos móveis e equipamentos; que cessem sua ganância por lucros; e que parem com o estabelecimento de metas abusivas e com o assédio moral que a cada dia penalizam mais e mais os bancários.

3) Previdência. Este tema, para o movimento sindical, é prioritário nas mesas de negociação deste ano, pois em alguns bancos, ainda hoje, não existem planos de previdência. Muitos bancários têm que aderir a planos de previdência do mercado para poder sonhar com um futuro mais estável e uma possível aposentadoria para desfrutar de sua velhice. Como esperar que os bancos nos deem a esperança de uma velhice com qualidade de vida, se nem os empregos garantem? Por isso, queremos estabelecer o diálogo e também apontar, na Convenção Coletiva dos Bancários, critérios de previdência complementar para toda a categoria.

4) Segurança Bancária. Outro tema que, para nós, é fundamental nesta Campanha Salarial é a segurança, afinal os bancos também tentam se desvincular desse problema como se não tivessem nada com isso. Os bancários e bancárias sofrem muitos tipos de transtornos em função de situações de risco que passam nas agências; e o máximo que os bancos fazem é se preocupar com a segurança do dinheiro – em como evitar que o banco seja assaltado. Mas pouco se importam com o estado em que fica um bancário depois de passar uma situação traumática como esta. Os banqueiros insistem em dizer que segurança é um problema de polícia e de política de Estado, e não deles! Fácil usar esse argumento.

Queremos que os bancos assumam a responsabilidade frente ao tema da segurança, tanto fora como dentro das agências, pois esta demanda diz respeito à sociedade como um todo. Por isso, a mesa temática de segurança tem que ir além das ações meramente paliativas e apenas para cuidar do patrimônio. O movimento sindical bancário quer que os bancos assumam essa bandeira. O próprio movimento sindical já realizou, no ano passado, um grande seminário nacional sobre o tema. Mas, mesmo assim, alguns bancos não compareceram.

São sobre estes quatro eixos que se fundamenta a Campanha Salarial 2009. Por isso, afirmamos que essa etapa que começa agora, com as assembleias que podem deflagrar a greve nacional da categoria, é quando os bancários já estão suficientemente esclarecidos e aptos para decidir com discernimento e clareza quais serão nossos próximos. Ou seja, se a proposta dos banqueiros não for alterada até amanhã, dia 23 de setembro, não teremos alternativa senão deflagrar a greve e denunciar para clientes e para a sociedade que os banqueiros estão abusando, que não têm responsabilidade social. Eles estão nos empurrando para a greve!

Portanto, contra o abuso dos banqueiros, os bancários vão decidir, a partir do dia 23, ir a greve!

Um forte abraço e nos vemos na assembleia.

 







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