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Análise de conjuntura da Conferência Estadual destaca importância dos Comitês Populares

João Pedro Stedile apresentou uma fotografia atual da luta de classes no Brasil e ressaltou a importância da participação popular na elaboração de uma plano de emergência para o país.

Ainda no primeiro dia da 24ª Conferência Estadual dos Bancários e Bancárias do Paraná, na noite de sexta-feira, 27 de maio, os delegados e delegadas realizaram uma análise de conjuntura política nacional, com a presença virtual do economista, agricultor familiar e membro da direção do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stedile. Integraram a mesa de debate a secretária de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região, Ana Paula Busato, e o diretor de Comunicação e Imprensa do Sindicato dos Bancários de Umuarama, Edilson José Gabriel.

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O economista João Pedro Stedile iniciou sua fala explicando que faria uma análise da correlação de forças da luta de classes, recorrendo aos autores clássicos, entre eles Karl Marx e Antonio Gramsci.  “Vale começar dizendo que a conjuntura política é determinada pelo comportamento das classes na luta entre elas. Na sociedade brasileira, tão desigual, é mais difícil compreender esse comportamento, já que não é explícito, mas ele pode ser percebido por simbologias”, introduziu. “Além disso, precisamos compreender que o poder político ocorre como luta de classes em todos os espaços coletivos da sociedade, não se restringindo às eleições – esta é apenas seu símbolo maior. Por trás dos partidos políticos estão os interesses das classes”, acrescentou.

Uma fotografia da luta de classes

A partir dessas duas considerações, Stedile fez o que chamou de fotografia da luta de classes hoje no Brasil: “Primeiro, temos que dizer que a sociedade brasileira vive atualmente a pior crises dos seus 500 anos. Trata-se da crise do modo de produção capitalista, que afeta todo o sistema mundial. Mas que, por sermos uma economia dependente, nos atinge com mais força”, explicou. Segundo ele, a crise iniciada em 2008 se aprofundou e, desde 2014, nos atinge de maneira complexa, profunda e estrutural.

“Trata-se de uma crise econômica, social, ambiental, política e civilizatória. O sistema que, por um lado, dá tanto lucro e concentra tantas riquezas, por outro, não consegue mais produzir os bens econômicos necessários à sociedade. Disso resulta uma crise política, já que o estado burguês não funciona mais”, disse.

Segundo o economista, diante do aprofundamento das crises, a classe dominante brasileira tomou uma série de atitudes que resultaram na atual conjuntura: “Primeiro, tiraram a Dilma e colocaram o Temer, já que, em tempos de crise, a burguesia precisa ter controle absoluto do estado. Quando viram que Lula tinha chances de se eleger novamente, em 2018, prenderam-no e dividiram a classe trabalhadora para eleger Bolsonaro”, relatou.

“Diante do desastre do Governo Bolsonaro, o que temos hoje? Bom, parte da burguesia continua apoiando-o; parte está se debatendo para articular o que eles chamam de “terceira via”; e outra parte já está com Lula. Já 90% da classe média apoia Lula. E a classe trabalhadora, que foi dividida em 2018? Para os trabalhadores, a saída de Lula da prisão foi uma vitória da classe, que pôde ter alguma esperança!”, disse.

A importância dos Comitês Populares

Para encerrar sua intervenção, Stedile resumiu o que vem sendo discutido no conjunto dos movimentos populares – sindical e social. “Concluímos que não podemos analisar a conjuntura e ficar de braços cruzadas. Precisamos transformar a campanha de Lula em uma campanha de massas, do povo. E a maneira de fazer isso é formar os Comitês Populares e organizar atividades da campanha, com visitas e reuniões, formas criativas de propaganda, bicicletadas e etc.”, exemplificou.

“Além disso, precisamos discutir um plano de emergência para o Brasil, do que fazer a partir de janeiro de 2023. Lula só terá forças para fazer mudanças se o povo, de forma organizada, discutir isso previamente, tiver plena consciência desse plano de emergência e fizer as mobilizações que vamos precisar, para sustentar esse programa”, acrescentou. Segundo Stedile, os Comitês Populares precisam discutir um novo projeto de País. “Lula vai abrir as portas para entrarmos num novo caminho, rumo às mudanças. Mas as mudanças precisarão ser sérias, dado o cenário de crises, e dependerão de todos nós!”, concluiu.

📹 Veja o vídeo: Presidente do Sindicato Antônio Fermino avalia primeira noite de debates da Conferência Estadual

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Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região

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