O
Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, em parceria com o Instituto Declatra,
realizou mais um estudo sobre a relação entre os métodos de gestão dos bancos e
o adoecimento dos bancários. A exemplo da investigação em face do HSBC,
dessa vez, o projeto de pesquisa realizado com trabalhadores do Itaú.
“Através
do atendimento da Secretaria de Saúde do Sindicato, foi possível coletar
informações e sistematizar dados que subsidiaram o estudo, que ao final chegou
a um resultado muito semelhante ao do HSBC, ou seja, o caso não se restringe a
uma única organização, mas é um problema sistêmico”, explica a secretária de Saúde, Ana Fideli.
Que
os modelos de gestão adotados pelos bancos privilegiam o lucro em detrimento da
qualidade e condições de trabalho não é novidade. Os métodos assediosos são
sentidos diariamente no cotidiano desses trabalhadores, entretanto, ao cruzar as
estatísticas dos afastamentos por adoecimento da categoria bancária com outras
categorias, é possível mensurar o quanto esses métodos precarizam as relações de
trabalho no setor.
“O
afastamento por transtornos mentais entre os bancários é de 22,2% enquanto nas
demais categorias este índice é de 10,1%, ou seja, mais que o dobro”, explica a
advogada do Instituto Declatra, Gabriela Caramuru. Outra estatística que está
na mesma linha da pesquisa realizada com o HSBC é a vulnerabilidade feminina.
Das mulheres 46,4% acusaram problemas de saúde enquanto homens foram 37,4% dos
casos.
Secretaria de Saúde
O
suporte prestado pela Secretaria de Saúde do Sindicato tem papel fundamental. Por
meio do acolhimento aos bancários no momento das homologações, percebeu-se que
muitos casos eram de demissões sem justa causa de trabalhadores que estavam
adoecidos. Assim, a Secretaria pode encaminhar denúncia ao Ministério Público,
que suspendeu a demissão nessas situações, por meio de uma ACP. Desde 2002, mais de 200 bancários do
Itaú foram beneficiados.
“Esta pesquisa
será extremamente útil. Ela nos mostra, de forma científica, informações que
sabíamos pelo atendimento aos bancários no Sindicato. Agora, com estes dados em
mãos, vamos utilizá-los nas negociações patronais para exigir melhores
condições de trabalho para a nossa categoria que, cada vez mais adoece, trabalhando”,
completa Ana Fideli.
“Vamos avaliar, assim como
fizemos no caso do HSBC, a possibilidade de ações judiciais como uma tutela
inibitória e de remoção do ilícito. O objetivo é que o banco se abstenha de
praticar atos e políticas de gestão que possam ferir o direito de personalidade
dos trabalhadores ou que levem ao seu adoecimento”, finaliza um dos
coordenadores da pesquisa, o advogado Ricardo Mendonça.