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Bancários cobram retomada de negociações com HSBC

 

TRABALHADORES BANCÁRIOS NÃO ACEITAM COMPENSAÇÃO DO PPR/PSV NA PLR

 

A Contraf-CUT já encaminhou para a direção do HSBC a reivindicação de não desconto dos programas próprios de remuneração variável do pagamento da segunda parcela da PLR dos funcionários.

 

“Reivindicamos a abertura imediata de negociações com as entidades sindicais para discutir o programa e a forma de pagamento. O banco hoje desmotiva os seus funcionários e mantém um programa completamente desmoralizado. Poucos vão se esforçar para atingir as metas, apesar do alto nível de cobranças”, avalia o funcionário do HSBC e secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira.

 

“Quem da diretoria do banco pressiona pelo atingimento das metas recebe fortunas, mas quem está na linha de frente, vendendo os produtos e realmente garantindo o crescimento do lucro, se sente traído pelo HSBC. Esse é o sentimento dos funcionários. Nós vamos mobilizar os trabalhadores e lutar para reverter essa injustiça”, salienta.

 

“A atitude do banco é um desrespeito aos trabalhadores, principais responsáveis pelos ganhos astronômicos do banco. Outros bancos, como o Santander, por exemplo, não descontam os programas próprios de renda variável da PLR de seus funcionários”, destaca o funcionário do HSBC e diretor da Contraf-CUT, Sérgio Siqueira.

 

Devolvam a motivação aos funcionários – O movimento sindical há tempo tem indagado a direção do banco HSBC a respeito deste método de pagamento da renda variável, caracterizada como o pior entre os maiores bancos. E aí, vem a pergunta: “Por que os trabalhadores nos bancos Itaú e Santander recebem “n” vezes mais?”, e o banco responde – “olha, vocês do sindicato precisam entender que estes bancos, a exemplo do Itaú tem lucro de R$ 13 bilhões”.

 

O movimento sindical entende perfeitamente. Entende que o banco Itaú tem cerca de quatro mil agências bancárias e o banco HSBC tem um pouco mais de 850, também compreende outras variáveis, mas, acima de tudo, defende a variável chamada “motivação”. É justamente a motivação que a direção atual do banco retirou dos funcionários.

 

Neste sentido, os executivos do banco, em vez de projetar o crescimento dos lucros, deveriam pensar em primeiro lugar no resgate do bom ambiente de trabalho caracterizado em outros tempos. O movimento sindical luta pelo respeito aos direitos dos trabalhadores e quer os funcionários do banco HSBC afirmando de boca aberta e bem alto: “eu trabalho no HSBC”. Porém, isto somente virá com a mudança de postura da direção do banco no Brasil. Afinal: “O que vem primeiro: o lucro ou a motivação para gerar o lucro?”, afirma o trabalhador no banco HSBC e secretário geral da FETEC-CUT-PR, Deonísio Schmidt.

 

Farsa – O funcionário do HSBC e secretário de Finanças do Sindicato dos Bancários de Campo Grande (MS), Valdecyr Pereira Rios, o Vavá, exemplifica como a farsa do PPR/PSV funciona em todo o país.

 

“O banco cobra dos funcionários metas abusivas, incentivando o seu cumprimento pela remuneração via PPR e PSV. O banco pela convenção coletiva é obrigado a pagar a PLR, mas de forma descarada desconta do valor obrigatório da remuneração de seus programas específicos. Assim, por exemplo, se é devido ao funcionário R$ 5.500 de PPR/PSV, e R$ 5.500 de PLR, o bancário recebe apenas R$ 5.500 da PLR”, explica Vavá.

 

“Propomos que o bancário recebe a somatória de todos os programas. O banco não esclarece aos funcionários a regra. O trabalhador se mata o ano todo para bater a meta e, quando chega o momento de ganhar, não há nada a receber. Queremos que o bancário seja valorizado no seu trabalho pelo atingimento das metas. Já basta toda a pressão que sofre”, critica Vavá.

 

Além disso, “o banco não negocia com representantes sindicais o PSV/PPR e, de forma arbitrária, impõe metas altíssimas para o programa e por conta disso os dirigentes sindicais dos sindicatos filiados à Contraf-CUT há mais de três anos nem mais acompanham esse tipo de reunião da comissão interna dos funcionários “, afirma a funcionária do HSBC e diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Liliane Fiuza.

 

Aos clientes, resta o atendimento precário, feito por funcionários desvalorizados, insatisfeitos e sobrecarregados, e o pagamento de tarifas que atingem valores cada vez mais altos, incomparáveis com outros lugares do mundo. “O desrespeito é a regra no banco inglês”, frisa Sérgio.

 

CDP – Outra crítica dos representantes legítimos dos bancários é em relação ao CDP, sistema de avaliação individual anual dos bancários, que não é feito de forma séria e acaba pesando mais o atingimento das metas.

 

Um dos elementos da avaliação é a quantidade de contas correntes abertas pelos bancários. Por exemplo, o banco estabelece como meta a abertura de 40 contas, o bancário consegue 70, mas o banco não aprova o limite de 50, a culpa por não bater a meta recai sobre o bancário, que tem uma má avaliação.

 

“Se o banco está emprestando pouco ao cliente, quem paga por não bater as metas é o funcionário, acabando por apresentar nota ruim no CDP, o que pode gerar demissões. O banco tem o direito de não emprestar, mas não pode prejudicar o trabalho do bancário. O CDP, como está configurado não é correto, é injusto”, avalia Vavá.

 

Os sindicatos vêm recebendo denúncias de que os gestores ao final são obrigados a rebaixar notas do CDP, mesmo que o trabalhador tenha tido excelente performance para enquadrar todos na curva.

 

“Em todo o país,há um sentimento de desmotivação e indignação por parte dos funcionários do HSBC. Este clima é comprovado pelo fato de que nos últimos meses o número de pedidos de demissões terem sido maiores do que os de dispensas sem justa causa”, salienta o diretor da Contraf-CUT.

 

Mobilização – Nos próximos dias, a Contraf-CUT pretende retomar as negociações específicas com o HSBC e o tema do pagamento do PPR/PSV X PLR estará na pauta. “Passou da hora de o banco respeitar e valorizar os seus funcionários e rever estes absurdos de seu programa próprio de remuneração variável”, finaliza Miguel.

 

 

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