A Contraf-CUT, federações e sindicatos retomaram na última sexta-feira (10) o processo de negociação com o Itaú Unibanco, em São Paulo. As entidades entregaram ao banco a minuta específica de reivindicações dos funcionários , que possui nove itens: emprego, remuneração, metas abusivas, saúde e condições de trabalho, segurança bancária, liberdade sindical, previdência complementar, plano de saúde e igualdade de oportunidades.
A minuta foi construída no Encontro Nacional de Dirigentes Sindicais do Itaú Unibanco, realizado nos dias 14 e 15 de dezembro, em Nazaré Paulista (SP).
A Contraf-CUT reivindicou e o banco concordou que a negociação da minuta seja feita por meio de blocos temáticos ao longo do primeiro semestre, de forma a discutir as demandas apresentadas. A primeira reunião está prevista para o final de fevereiro e as demais devem acontecer quinzenalmente. Os temas serão escolhidos previamente.
O tema da primeira rodada será o Plano de Saúde, além de dois itens do bloco de remuneração: PCR (Participação Complementar nos Resultados) e auxílio-educação.
"Faz parte da politica da Contraf-CUT implementar uma campanha permanente de negociação junto aos diversos bancos. No caso do Itaú, foi dado o primeiro passo ao construir um método de negociação que se estenderá ao longo do semestre", avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
Segurança – Durante a reunião foi entregue ao banco uma carta endereçada ao presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal, na qual a Contraf-CUT cobra proteção da vida dos trabalhadores e clientes do banco. "Demonstramos nossa contrariedade à retirada de portas giratórias com detectores de metais nas agências e postos de atendimento", critica Carlos Cordeiro. A carta traz ainda um protesto contra demissão por justa causa de duas funcionárias, vítimas de sequestro, em Contagem (MG).
"O Itaú gastou R$ 482 milhões em 2011, com despesas de segurança e vigilância, o que equivale a apenas 3,30% do seu lucro de R$ 14,6 bilhões. A vida de clientes, usuários, bancários e vigilantes vale muito mais do que isso", protesta Adma Gomes, diretora do Sindicato dos Bancários do ABC.
Os representantes do banco se comprometeram a dar um retorno sobre o conteúdo da carta na próxima reunião.
PLR – Enquanto o Bradesco já creditou a PLR para seus funcionários nesta sexta feira e o Santander anunciou o pagamento no próximo dia 17, o Itaú não informou a data de crédito para seus trabalhadores. "Do alto do seu lucro recorde, o Itaú continua mantendo uma politica que não valoriza seus funcionários. Esperávamos o pagamento imediato dos valores da PLR, mas o banco ainda não tem uma data definida", critica Wanderley Crivellari, um dos coordenadores da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú Unibanco, que assessora a Contraf-CUT nas negociações com o banco.
O prazo estipulado pela convenção coletiva para pagamento da PLR é até o dia 1º de março.
Emprego – Apesar de fazer parte dos temas que serão debatidos com o banco ao longo do semestre, o movimento sindical cobrou do Itaú durante a reunião o fim das demissões. No balanço de 2011, 4.058 empregos foram eliminados.
"Mas as dispensas não param por aí. Além da eliminação dos postos de trabalho, a rotatividade também é uma prática nefasta adotada pelo Itaú", afirma Cida Cruz, diretora do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. "O movimento sindical vai mobilizar os trabalhadores na luta pelo emprego", adianta Wanderley.
Ar condicionado – Um problema detectado pelo movimento sindical em todo o país diz respeito ao ar condicionado nas agências. Os problemas são dois, explica Washington da Silva, diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília. "Muitos equipamentos estão defeituosos e alguns gestores que, querendo economizar, desligam os aparelhos fora do horário comercial. O resultado é um só: funcionários, clientes e vigilantes sofrendo com o calor insuportável que faz nesta época do ano nas unidades", denuncia Washington.
Os representantes do banco ficaram de averiguar as denúncias e dar uma resposta na próxima reunião.
Outros temas – De forma breve, foi discutido o "Projeto Corredor", que trata da abertura de agências em horário estendido, das 8h às 20h. O banco deverá fazer uma apresentação do projeto para o movimento sindical, em data a ser definida.
Outros dois temas estiveram ainda na pauta. A divulgação do ranking individual de metas por gestores, uma prática proibida pela convenção coletiva; e a questão da fita de caixa, um problema que continua gerando inúmeros constrangimentos aos bancários, apesar das modificações feitas no ano passado pelo banco.
"Esta foi a primeira de uma série de rodadas que devemos estabelecer com Itaú ao longo do ano, procurando dar vazão para uma pauta específica que traz itens importantes para o cotidiano dos funcionários do banco e, para tanto, é preciso reforçar a mobilização para obter conquistas", conclui Carlos Cordeiro.