02/06/2004
(São Paulo) Pesquisa encomendada pela FETEC/CUT-SP ao Instituto Acerte sobre a campanha salarial 2004 mostra que a grande expectativa dos bancários para este ano é com relação ao aumento real de salário. Para 38% dos entrevistados, os salários devem sofrer reajustes acima da inflação registrada no período.
Com base neste dado, a 6ª Conferência Estadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, realizada no último sábado, em São Paulo, apontou o aumento real de salário como eixo de campanha, sobretudo, diante dos suscessivos recordes nos lucros do sistema. Para se ter idéia, apenas nos três primeiros meses desse ano, Bradesco, Itaú e Unibanco lucraram juntos R$ 1,76 bilhão, o que representa um aumento de 22,3% em relação ao registrado no primeiro trimestre do ano passado, quando o resultado foi de R$ 1,44 bilhão.
“Os bancos têm plenas condições de atender a reivindicação e de conceder reajuste justo para os verdadeiros responsáveis pelo crescimento do setor”, alerta o presidente da FETEC, Sebastião Geraldo Cardozo, ao lembrar as perdas registradas nos últimos anos.
“Para este ano, está totalmente descartado o mecanismo adotado nos anos anteriores, de índice menor do que a inflação mais abono salarial. Apesar de trazer um certo alívio, o abono como forma de compensar um reajuste rebaixado acumula perdas sobre perdas, fazendo com que os bancários não restituam o seu poder de compra”, alerta o dirigente.
Um exemplo dessas perdas é o piso de escriturário com mais de 90 dias. Enquanto em setembro de 1995 ele equivalia a 4,1 salários mínimos, hoje equivale apenas a 2,6 s.m. De acordo com cálculos do Dieese, para que o piso voltasse a ter o mesmo poder de compra seria necessário um reajuste de 41%.
Jornalista: Lucimar Cruz Beraldo – FETEC/CUT-SP