– 13/01/2004
(São Paulo) Uma comissão formada por representantes da CNB/CUT, Fetec/CUT-SP e Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região esteve ontem, em Brasília, com o ministro do Trabalho e Emprego, Jaques Wagner, para tratar das demissões praticadas pelo sistema financeiro no último período.
Além de apresentar um balanço sobre o enxugamento nos bancos, os representantes sindicais entregaram o dossiê sobre as demissões no Bradesco e pediram apoio à campanha nacional contra as demissões, lançada no último mês de dezembro. De acordo com o dossiê, o maior banco privado nacional eliminou em 2003 pelo menos 2300 postos de trabalho – número ainda em contabilização –, a maioria de funcionários com mais idade, mesmo com um lucro superior a R$ 2 bilhões até setembro.
Jaques Wagner mostrou-se sensibilizado e colocou-se à disposição para fazer gestões junto aos bancos e aos ministros da área econômica, os quais estão mais diretamente envolvidos com o sistema financeiro.
De acordo com o ministro, a preocupação número um do governo federal para 2004 é justamente com o emprego. “Assim como externado pelo presidente Lula logo nos primeiros dias do ano, trabalharemos para criar novos postos de trabalho. Deste modo, não poderemos perder de vista a situação praticada pelos bancos”, avisa.
Durante a audiência, a comissão relatou os problemas decorrentes da Resolução 2707 do Banco Central, a qual instituiu o correspondente bancário, atualizada em 31/07/2003 pela Resolução 3110.
Segundo os representantes sindicais, a Resolução do BC, além de não cumprir o seu papel, está justificando as demissões no setor bancário. “O instrumento foi editado com o intuito de levar o atendimento bancário para as regiões desprovidas de instituições financeiras. “Só que isto não vem ocorrendo. Pelo contrário, está facilitando a criação do correspondente bancário nas grandes cidades, onde já há concentração de bancos”, relata o diretor de Bancos Privados da Fetec/CUT-SP, Pedro Sardi, que participou da audiência.
O dirigente explica que uma das conseqüências disso é a transferência de emprego do setor bancário para outros setores da economia, com precarização das condições de trabalho. “Um exemplo disso é o Banco Postal dos Correios, onde seus funcionários estão realizando tarefas tipicamente bancárias sem fazer jus aos direitos estabelecidos para a categoria bancária”.
Fonte:: Lucimar Cruz Beraldo – Fetec/CUT-SP