Ao longo dos 2,8 quilômetros da avenida Paulista, na região central de São Paulo, o Bradesco tem sete agências. Todo dia, um carro forte passa por essas agências, abastecendo-as de dinheiro para os eventuais saques dos clientes. No seu caminho, estão quatro agências do Itaú. Se o transporte fosse compartilhado, a economia seria grande.
Na área de embarque do aeroporto de Guarulhos, existem praticamente lado a lado máquinas de auto-atendimento de cinco bancos e raramente todas estão ocupadas ao mesmo tempo. Bastariam duas para atender os clientes dos cinco bancos.
As sugestões não são de algum consultor e sim do próprio presidente do Bradesco, Márcio Cypriano. No seu primeiro pronunciamento como futuro presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Cypriano disse que uma de suas metas é incentivar as discussões de compartilhamento de serviços que não tenham relação direta com suas atividades principais para melhorar a eficiência do sistema financeiro. “O banco tem que financiar a safra, a indústria, a compra de veículos. Não é seu foco transportar numerário, fazer a compensação ou abastecer caixas eletrônicos”, disse Cypriano. Banco do Brasil (BB), Bradesco, Itaú e Unibanco já discutem o assunto.
Por que gastar com tarefas que pouco ou nada contribuem para o resultado, questiona a Price
Cypriano está sintonizado com uma das tendências de ponta do setor financeiro. Terceirização, alianças e joint ventures vão se tornar cada vez mais comuns na próxima onda de reestruturação dos bancos, indica pesquisa internacional da PricewaterhouseCoopers, feita com 123 executivos de alto nível, divulgada em dezembro.
Dos entrevistados, 42% ainda colocam as fusões e aquisições no foco principais da estratégia de reestruturação dos próximos cinco anos. Mas 21% pensam em alianças, 17% em terceirização, 16% em joint ventures e 4% em desinvestimentos.
Para Cypriano, ter uma rede própria de auto-atendimento foi um diferencial mercadológico importante no passado. “Hoje, nem tanto”. Nem todos banqueiros estão entusiasmados. O presidente do Banco Itaú Holdings, Roberto Setubal, admite discutir o assunto mas diz que “não é tão simples assim”.
Fonte: Jornal Valor – Maria Christina Carvalho, De São Paulo