O Banco do Brasil pagou R$ 500 milhões pela folha de pagamento dos servidores do Estado do Paraná. Mas, pelo visto, o “preço” pago foi ainda maior que o divulgado oficialmente. Na última semana, o banco enviou às suas agências metas de venda de rifas do Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar), vinculado à Secretaria da Saúde e Bem-Estar Social do Estado do Paraná, comandada pela esposa do Governador Beto Richa, Fernanda Richa. Vale lembrar que a primeira dama é uma das figuras cotadas para disputar a vice-prefeitura de Curitiba em 2012, na chapa apoiada pelo atual governo do Estado.
Todos nos comovemos com o flagelo dos mais pobres, que sofrem com o frio do inverno paranaense e com a fome. Mas as ações assistencialistas do Provopar, que é ligado ao governo, nunca tiveram como objetivo acabar com a miséria e sempre serviram para maquiar o total desinteresse dos governantes com os pobres.
O coronelismo político se reproduz em nosso Estado por esse tipo de ação assistencialista, que mantém os pobres sempre pobres, mas terceiriza os problemas sociais para serem resolvidos pela caridade da sociedade civil e não pelo Estado. Além do mais, é um “esquemão” eleitoral para promover os governantes e suas famílias, que usam as doações da sociedade para manter uma relação clientelista de dependência com as comunidades mais pobres, em troca de votos nas eleições seguintes.
O BB nunca permitiu a comercialização de rifas em suas unidades, por mais nobres que fossem seus propósitos. Mas agora está tudo liberado para atender ao governo Richa.
Para os funcionários do BB é mais uma meta de venda de produtos, dentre tantas outras que massacram o cotidiano do trabalho, além do “mico” da participação forçada no “esquemão” assistencialista do governo estadual.
Para o banco, mais um erro político de suas direções. Se o BB quer fazer seu papel social, deve reduzir imediatamente seus juros escorchantes – 8,49% ao mês no cheque especial, por exemplo – , estabelecer como meta o apoio a políticas públicas que realmente promovam o desenvolvimento do país e combatam a miséria e, principalmente, interromper o processo de expulsão dos mais pobres das agências, por meio dos correspondentes bancários (BB Mais, Banco Popular, Banco Postal) e contratem mais funcionários para melhor atender ao povo.
O que não é correto é aceitar esse tipo de pressão do governo Richa, que já obteve a maior quantia per capita paga em uma negociação de folha de pagamento no país, e ainda está impondo que os esforços dos funcionários do BB sejam drenados para sustentar uma política assistencialista e eleitoreira no Paraná, que serve apenas para continuar iludindo a maioria do povo e promover a imagem da primeira dama e seu partido para 2012.