(São Paulo) Brasília inaugura a partir desta quarta-feira, o Banco Popular do Brasil – uma subsidiária do Banco do Brasil. A finalidade é atender a população de menor renda. A direção do BB pretende atuar em todo o país com 6.500 pontos de atendimento.
Com o Banco Popular, o Banco do Brasil passa a concorrer com a Caixa Federal, que possui a conta Caixa Aqui. Entre os serviços que devem ser oferecidos estão os fundos de investimentos, seguros, títulos de capitalização e crédito pessoal. De acordo com a Folha de São Paulo, o atendimento do BPB estará localizado nas periferias das grandes cidades. A Conta Popular do Brasil poderá ser aberta sem depósito mínimo e sem comprovação de renda.
A idéia, de acordo com o presidente da Confederação Nacional dos Bancários, Vagner Freitas, de facilitar o acesso ao crédito à população de baixa renda, é torná-la mais cidadã. O problema será a qualidade dos serviços e o atendimento, prestado por correspondentes bancários como lojas, farmácias e padarias. “Esses correspondentes bancários não terão condições de oferecer atendimento com o devido profissionalismo. Isso porque os funcionários desses estabelecimentos não estão habilitados como o bancário para esse tipo de serviço. Concordamos com o projeto, mas não dessa maneira como está sendo implementado”, explica.
“Não é esse o projeto que defendemos”
O coordenador da Comissão de Empresa do BB, José Ricardo Sasseron, complementa e diz que os postos são bancos sem bancários. “O Banco está tirando funcionários do Acordo e Convenção Coletiva. “Metade da categoria já fugiu de nossas mãos com a terceirização dos serviços bancários”, afirma. Na categoria, hoje, 400 mil são bancários, os outros 400 mil são terceirizados.
Para o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Wiliam Mendes, a criação do Banco Popular do Brasil é um engodo para precarizar ainda mais a categoria bancária. “Concordamos com o acesso ao crédito da população de baixa renda através do BPB, mas nas 2.300 localidades onde não há banco. Não somos a favor que as periferias das grandes cidades ofereçam esse tipo de serviço porque o BB tem estrutura para atender essas regiões”. Mendes enfatiza que na prática o BB está levando o BPB para lugares onde não precisaria. “Não é esse o projeto que defendemos. O banco quer é reduzir custos”.
A terceirização de serviços nos correspondentes bancários é o ponto crítico na opinião do presidente da CNB. “O salário e as condições de trabalho inferiores também poderão colocar em risco as conquistas de uma das categorias de trabalhadores mais importantes, a dos bancários – com cerca de um século de lutas”, adverte. O número de demissões também poderá aumentar. A CNB estima que no ano passado tenham sido em torno de 8 mil em todo o país.
Outro problema é a falta de segurança. As ocorrências em agências bancárias costumam ser freqüentes, tanto que a segurança bancária será tema de Seminário promovido pela CNB nos dias 18 e 19 deste mês, em Curitiba.
A solução para o caso é a mudança de conceito do sistema financeiro. “Os bancos não podem ficar apenas com o filé – as maiores contas – o que é um absurdo. É necessário democratizá-lo para fomentar o desenvolvimento econômico no país”, acrescenta Vagner Freitas.
Fonte: Carolina Coronel – CNB/CUT