Data tem como objetivo dar visibilidade aos desafios enfrentados pela juventude e reforçar participação desta geração nos movimentos sociais e em políticas públicas.
Estabelecido pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999, o Dia Internacional da Juventude, comemorado todo 12 de agosto, tem como objetivo dar visibilidade aos problemas enfrentados pela juventude, como degradação ao meio ambiente e da vida humana, falta de oportunidades e de investimentos para educação e incentivo à cultura.
“Comemorar essa data é importante justamente para não esquecermos o fato de que passamos muito tempo, no Brasil, sem nenhum tipo de investimento na juventude, sem nenhum pensamento voltado para essa fase, que precisa de perspectiva de futuro para poder sonhar. E eu acho que, agora, nesse processo de reconstrução do Brasil, a gente precisa garantir que essa reconstrução contemple os jovens, porque, na verdade, são eles vão levar o Brasil à frente”, destaca a secretária da Juventude da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Bia Garbelini.
A ONU define como jovem toda a pessoa com idade entre 15 e 24 anos. “A CUT define a juventude até os 35 anos, considerando que, em algumas categorias, como o próprio ramo financeiro, as pessoas entram no mercado de trabalho um pouco mais tarde”, explica Bia.
Cenário
O levantamento “Futuro do mundo do trabalho para juventudes brasileiras”, realizado pelo Canal Futura e divulgado em março deste ano, revelou que um a cada três jovens no Brasil (27%), com idades entre 14 e 29 anos, não tem oportunidade de estudo nem de trabalho. A pesquisa mostrou ainda que 39% somente trabalha, enquanto outros 15% somente estudam, outros 14% estudam e têm empregos. Por fim, 5% estudam, mas são desempregados.
“O movimento sindical precisa olhar com muita atenção para a juventude, porque a juventude no Brasil é majoritariamente trabalhadora e também está na luta para acessar a educação. A maior parte dos jovens que trabalha hoje, trabalha de maneira informal, através de plataformas [como entregadores de aplicativos, por exemplo]. São poucos os que têm registros na carteira. Como movimento sindical, temos que nos adequar a essa realidade, para que esses jovens também busquem se organizar através dos sindicatos. Então, a gente precisa ter esse olhar atento, para a juventude, e rever muitos processos em nossas formas de atuar”, pondera.
Bia destaca ainda que, para a juventude, os desafios giram em torno de “perspectivas e esperança no futuro”, de conseguir pensar num mundo onde se tenha direito de existir e de envelhecer com qualidade de vida. “A questão da degradação ambiental, por exemplo, ameaça a perspectiva de futuro, de emprego digno. Essa é uma das razões do porquê o nosso grande desafio hoje, na juventude é encontrar esperança na luta pelo futuro”, pontua.
Retomada de políticas
O governo Bolsonaro cortou em 93% o orçamento da Secretaria de Juventude, além de acabar com políticas públicas para esse grupo, estabelecidas nos governos anteriores, de Lula e Dilma, quando, historicamente, ocorreram os maiores investimentos em oportunidades e garantias de direitos aos jovens (ampliação no acesso ao mercado de trabalho, ao crédito, à renda, à terra, aos esportes, lazer e cultura).
Há cerca de dois meses, o governo Lula, em seu terceiro mandato, estabeleceu o Comitê Interministerial da Política Pública de Juventude (COIJUVE), ligado à Secretaria-Geral da Presidência da República, com objetivo de gestar e monitorar políticas públicas destinadas à juventude. “Estamos num movimento de retomada do diálogo com a juventude, por parte do governo. Inclusive, estamos felizes com o anúncio de que haverá uma Conferência Nacional da Juventude, e isso será muito importante para definir as políticas para os últimos anos”, complementa Bia Garbelini.
Fonte: Contraf-CUT