Nos últimos meses, o país passa por um debate que vem ganhando as ruas rotineiramente com questionamentos do governo que, mesmo com divergências, foi eleito
democraticamente pela maioria dos eleitores que optaram por um projeto, contrariando o projeto da oposição, evidentemente antagônicos.
Este
debate tem sido difícil para nós, pois cada vez que se aborda
o tema muito se confunde com defesa de partido ou de governo. Reiteramos nossa
independência quanto a partidos e governos e reafirmamos nosso compromisso com a
classe trabalhadora, em especial na defesa dos interesses da nossa categoria.
É
importante ressaltar que cada vez que tomamos uma posição é sempre pensando nos
impactos que esta ou aquela medida trará aos trabalhadores. Se por um lado
temos uma geração que viveu os anos 1990 da conjuntura política e econômica do país
e que resolveu dar um basta à então política econômica e
partidária daquela década, por outro lado temos uma nova geração que não
conheceu os estragos na política econômica e trabalhista da época. E por isso
questionam a atual conjuntura sem imaginar o retrocesso que pode estar se
avizinhando. E todos os trabalhadores serão penalizados.
Para quem viveu os
anos 1990 é fácil lembrar do sucateamento do estado, do sucateamento das
políticas públicas, das privatizações (sendo a da Vale do Rio Doce a maior e mais
impactante privatização da época). Importante também lembrar das privatizações
dos bancos públicos estaduais, sendo o Banestado a maior perda para nosso Estado; o sucateamento do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que ficaram anos à fio sem
investimentos, sem concursos, e sem reajustes salariais para os trabalhadores.
Desse processo todo, após muita resistência, por pouco não foram privatizadas a Copel e a Petrobras.
Quem não lembra da famosa RH 008 da Caixa, que permitia demissão via processo
disciplinar, muitas vezes à revelia de um gestor que se antipatizava com um
funcionário?
Talvez muitos da atual geração ainda não saibam, mas se estão hoje
trabalhando em um banco público é primeiramente por sua competência e preparo
em passar em um concurso disputadíssimo, mas principalmente também pela nova
política implantada na última década, com muita interferência do movimento
sindical bancário.
Por tudo isso, nos preocupa este momento de interinidade do
atual governo provisório em que por suas medidas percebe-se estar entrando em
pauta, sendo inclusive amplamente divulgado na imprensa, justamente tudo aquilo
que foi rejeitado nas urnas e que são contrários aos interesses do país e dos
trabalhadores. Nos preocupa ainda mais por tudo o que está acontecendo neste
momento estar escancarado o patrocínio da grande mídia monopolista e do grande
empresariado com suas bancadas no Congresso e que obviamente não defendem os
interesses dos trabalhadores.
Não estão em jogo apenas o futuro dos bancos
públicos, mas também do patrimônio público de forma geral, dos direitos dos
trabalhadores do seguimento privado, como: terceirização, idade mínima para
aposentadoria ou ampliação de idade no fator previdenciário. Se não
reagirmos agora, possivelmente em pouco tempo todas as pautas contrárias aos
trabalhadores e à sociedade que com muito custo conseguimos segurar até agora
poderão ser implementadas e corremos o risco de perdermos conquistas de
décadas. E sentiremos estas perdas e suas consequências num futuro muito próximo.
Quando nossa gestão do Sindicato se dispôs a se apresentar para a categoria
como candidatos a representa-los, em nosso programa, em nosso material de campanha, deixamos claro que tínhamos vários compromissos de gestão: respeitar, preservar e fortalecer os princípios de liberdade e autonomia
sindical frente aos governos e à classe patronal; lutar por novas conquistas e
ampliar os direitos da categoria; lutar pelo fim do fator previdenciário e pela
valorização dos aposentados; lutar pela jornada legal de 6 horas sem redução de
salário; defender os bancos públicos como indutores do desenvolvimento
sustentável do país; lutar pelo arquivamento definitivo do PL 4330, eliminando a
terceirização e precarização do trabalho bancário; promover audiências públicas
sobre temas que interessam à categoria e à sociedade; promover debates de temas que interessam ao país, como reforma política
e tributária, combatendo qualquer mudança que implique em redução de direitos
dos trabalhadores.
E isso estamos fazendo e sempre faremos. Estaremos nas ruas sempre e resistiremos a
todos os ataques que venham contra os direitos dos trabalhadores independente
do governo de plantão.