– 20/01/2004
(Brasília) A questão mais importante em debate no IV Fórum Social Mundial (FSM) tem sido a própria escolha da cidade que sedia o encontro. Mumbai, antiga Bombaim, metrópole com mais de 13 milhões de habitantes espremidos entre favelas e imponentes edifícios que abrigam a emergente classe média indiana, é um dos mais dinâmicos pólos do rápido crescimento que o país experimenta – projeção de 7% para 2004 -, tendo como protagonista a indústria do software. O FSM, que começou neste domingo, prossegue até quinta-feira, dia 22. As informações são de Márcio Araújo, enviado especial da Agência Câmara.
Os asiáticos, que formam a maioria dos 100 mil participantes do encontro, apresentam dilemas e propostas estranhas à minoria ocidental, como a busca de melhoramentos nas aldeias, a normatização dos direitos tribais, a dignificação da casta dos intocáveis, o direito das mulheres islâmicas ao sexo.
Ao integrar essas questões do cotidiano dos povos asiáticos, o Fórum Social Mundial consolida sua condição de pólo de uma internacionalização que se contrapõe à globalização controlada por grandes grupos econômicos, liderados politicamente pelos Estados Unidos da América. Os movimentos sociais e grupos políticos dos diferentes continentes estão construindo no FSM consensos em torno de valores como a defesa da paz, dos direitos humanos e do meio ambiente, vistos aqui como a globalização que interessa a todos os povos.
Para muitos, a interação cultural já bastaria para justificar o FSM. Os indianos e outros povos da Ásia aproveitam a ocasião para exibir a enorme riqueza de suas manifestações artísticas. De qualquer forma, a compreensão dos dilemas dos diferentes povos e a integração entre suas organizações permitem projetar ações conjuntas de interesse global.
É ampla a programação e os temas das conferências, seminários e oficinas. Quase todos esses eventos resultam numa posição comum contra o unilateralismo do governo George W. Bush em questões como a guerra, o desrespeito a tratados internacionais e instituições internacionais, como a ONU.
A próxima cidade a sediar o Fórum Social Mundial já esta decidida. O encontro retorna a Porto Alegre, onde as três primeiras edições foram realizadas.
Fonte: Informes