Comecemos pelo os fatos: o banco Santander, por exemplo, injeta 40 milhões de euros (desvalorizados pela “crise” grega) ao ano na equipe italiana. O investimento se dá em função da Ferrari ter um piloto espanhol, mesma nacionalidade do banco em questão.
Ora, quando Massa tentou reclamar de uma ultrapassagem “pouco ética” realizada por Alonso, a imprensa espanhola – em especial, El Mundo Desportivo – retrucou com a manchete: “Por que no te callas”?
Cabe lembrar aqui que há uma preferência do banco espanhol pelo piloto espanhol. O esporte não deveria ser permeado por outros interesses, como preconizou o Barão de Coubertin. Mas, no caso da Fórmula 1, isso é impossível, pois é um laboratório da indústria automobilística, com visibilidade internacional e que envolve milhões de dólares e euros.
Voltando à corrida e ao comportamento de Alonso e Massa, o primeiro reclamou da postura de Massa ao não permitir a sua ultrapassagem. Tentemos penetrar no cérebro de Alonso e lançar algumas hipóteses:
1 – É ridículo um piloto da periferia emergente do capitalismo globalizado e das antigas colônias, o Brasil, se confrontar com um piloto de sua majestade Juan Carlos (“Por que no te callas?”);
2 – Quem traz 40 milhões de euros por ano sou eu e não este piloto de “segunda”, que já ganha muito para este papel, a exemplo de Rubinho anos atrás;
3 – Quem me patrocina é um banco espanhol, eu sou espanhol, o rei Juan Carlos é espanhol, as colônias falam espanhol e o Brasil só não falou espanhol por um descuido dos colonizadores ancestrais e a ganância dos bandeirantes. Portanto, colonos devem obediência;
4 – Posso passar “por bem ou por mal”, prefiro por bem para reafirmar a obediência do colono. Prefiro ser chamado de “Dom” e não “Saibi”;
5 – Se há cinco séculos entramos em “nome de Deus” nessas colônias, hoje em nome do “deus mercado”, reentramos com nossos dogmas e afirmações de integração subordinada;
6 – Não há vexame neste ato. O povo brasileiro logo esquecerá; nada que uma propaganda bem bolada com slogan “novas idéias” para iludir e plantar a imagem de “sustentabilidade” e respeito.
Resta ao Felipe ser “massa” de manobra dos interesses dos patrocinadores, seja a Shell, a Fiat ou o Santander. Que tal um boicote por parte dos brasileiros? Gandhi iniciou o movimento de independência pacífica da Índia em relação à Inglaterra boicotando as roupas de algodão inglesas. Num mundo onde o deus mercado domina, sejamos ateus do consumismo.