O Banco do Brasil, assim como o Itaú (aquele do dedo que roda e roda e enrola), apresentou um lucro recorde. O Santander tem 15% de seus ativos no Brasil e isso representa 30% do seu lucro mundial. O Bradesco, nem se fala. Ao invés de sorrisos e cumprimentos, o que escutamos de bancários é que a pressão apenas aumenta.
Ameaças que antes eram veladas por parte da “cópula” agora escancaram a céu aberto e começam a produzir um incômodo odor de forno típico de segunda guerra. Segundo relatos de alguns colegas (que não vêem a hora de se aposentar), o vale-tudo permeia as relações com os clientes.
Alguns administradores usam o imperativo "Faça que eu to mandando" Ética? No papel higiênico – a céu aberto. Denúncias de pressão para que se empurre, que se faça o que tem que ser feito: bater a meta. Os fins parecem justificar os meios.
A propósito, administradores “bife a cavalo” estão começando a pulular entre nossos pares bancários. Todos já participaram de workshop motivacional (aquela lavagem cerebral bem-humorada) em que se conta a historinha do bife a cavalo: o boi leva a pior mas quem leva a fama é o cavalo (cavalo aqui com os dois sentidos inclusos). O administrador manda, digo manda (sob ameaça) que um subordinado aja de maneira antiética mas sem colocar a digital na irregularidade.
O subordinado grava uma operação sem conhecimento do cliente. Se colar, colou. Se o cliente reclamar, sobra pra quem colocou a matrícula funcional. E quem é punido?Ganha uma viagem para a Síria só de ida quem errar! O boi (de piranha) entra com o próprio couro e quem leva a fama é o cavalo (reforço, cavalo com os dois sentidos).
Bancários, pensem no mundo que vocês querem e até que ponto estão dispostos a se sujeitar a humilhações, a violações éticas e de dignidade? A grande crise de 2008 foi produzida pela dinâmica da ganância, da especulação e da falta de moral. Parece que nada aconteceu. Nada se aprendeu.
Apenas segue a lógica do vale-tudo. Muitos perdem e poucos ganham – e muito mesmo. Em 2010, o Trabuco (do Bradesco) ganhou R$ 10,4 milhões e o piso do bancário-peão foi de R$ 26,4 mil anual (393 vezes mais). Bife a cavalo – milhares produzem e um administrador leva a fama e a grana.
Nada mais hipócrita do que o discurso de responsabilidade socioambiental dos bancos, quando seus ambientes internos são primados pela lei da selva. Você concorda? Se sim ou não, saberá de que lado está. Proliferam os discursos de “necessidade”, da concorrência do “mercado”. Fantasia, pois não passa de discurso para encobrir a ganância, a avareza, o privilégio.
Cuidado com os apelos subliminares. Não faça de suas metas uma arma, a vítima pode ser você. Por mais que você queira ser o cavalo, o seu bife (o de boi) é que será servido. Uma pergunta: nunca está bom?