Privatização da operação-padrão, utilizada para inflar resultado em 2021, não se sustenta; políticas do governo em relação às taxas básicas de juros prejudicam o país e a também os resultados da Caixa
O lucro líquido contábil da Caixa Econômica Federal foi de R$ 2,542 bi no primeiro trimestre de 2022, o que representa uma queda de 44,6% em relação ao mesmo período de 2021, quando havia sido de R$ 4,584 bi. Essa queda se deve ao fato de que, em 2021, o resultado foi inflado por evento não recorrente vinculado à venda de participação na Caixa Seguridade. O resultado, em 2022, não sofreu influências de eventos não recorrentes.
“Ao compararmos o lucro líquido contábil desse primeiro trimestre com o de 2021, a diferença é de 44, 6%. Esse número mostra o impacto da venda de ativos no balanço do primeiro trimestre de 2021 e a diferença do resultado deste ano, quando não houve a venda de ativos”, explicou a representante eleita dos empregados no Conselho de Administração do banco, Rita Serrano.
Para Rita, a geração de resultados não recorrentes derivada de venda de ativos não é uma estratégia sustentável. “Na verdade, pode comprometer o futuro da instituição, uma vez que diminui a geração de receitas futuras e, assim, pode prejudicar sua autonomia como agente de políticas públicas”, explicou. “Reduzir as receitas significa reduzir a capacidade de investimentos do banco e isso não é bom para o país, que precisa, urgentemente, de um projeto de desenvolvimento que contribua com a melhoria da qualidade de vida da população”, completou, ressaltando sua posição contrária à abertura de capital, à criação de subsidiárias e à privatização da operação-padrão da Caixa.
Por trás dos números
A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, ressaltou, ainda, que é importante analisar os dados do balanço apresentado pela Caixa, sem limitar a análise aos números apresentados. “A elevação da taxa Selic, que causa diversos danos à sociedade, como a redução dos investimentos no setor produtivo, a dificuldade de retomada do crescimento da economia e a manutenção do desemprego em níveis elevados, também afeta os resultados da Caixa”, disse ela, ao lembrar que a elevação da taxa Selic aumentou as despesas de intermediação financeira em 120,3%, contribuindo para a diminuição de 11,9% do resultado bruto da instituição neste quesito.
Sobrecarga continua
A Caixa encerrou o primeiro trimestre de 2022 com 86.850 empregados, 4.974 a mais do que há 12 meses. As contratações aconteceram graças à convocação de aprovados em concurso realizado em 2014, após importante atuação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Tal atuação, rendeu, inclusive, a realização de um concurso específico para a contratação de pessoas com deficiência.
“Mas, infelizmente, repõe apenas parte dos postos de trabalho reduzidos pela Caixa após o golpe que derrubou a ex-presidenta Dilma Rousseff da Presidência da República”, lembrou a coordenadora da CEE. Em 2014 a Caixa contava com 100.677 empregados em seu quadro de pessoal. “Como esse aumento foi acompanhado pelo crescimento de aproximadamente 2,7 milhões de novos clientes, a relação entre clientes por empregado (1.708,7 clientes por empregado), manteve-se elevada, com isso a sobrecarrega de trabalho permanece e empregados continuam adoecendo e sendo submetidos a metas desumanas por uma gestão assediadora. Por isso, cobramos mais contratações”, concluiu Fabiana.
Veja abaixo a tabela resumo do balanço. Para mais informações, leia a íntegra da análise elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Fonte: Contraf-CUT