Após o polêmico anúncio de que acontecerão 30 mil cortes em todo mundo, os representantes dos bancários exigiram uma reunião com a direção do HSBC. O encontro aconteceu nesta quinta-feira, 04 de agosto, em São Paulo.
O banco já havia dito que o Brasil passaria incólume pelo processo de reestruturação, responsável pelo alto número de demissões anunciado para acontecer até 2013. De acordo com o presidente do HSBC no Brasil, Conrado Engel, por aqui serão contratados mil novos gerentes. Os bancários, no entanto, exigem que o banco pare com a rotatividade, que diminui salários e só beneficia o banco.
Leia matéria da Contraf-CUT:
HSBC diz que fará mais contratações e Contraf-CUT cobra fim da rotatividade
Na reunião realizada nesta quinta-feira 4 em São Paulo, solicitada pela Contraf-CUT para cobrar explicações sobre o anúncio de demissão de 20% de seus empregados em todo o mundo, a direção do HSBC assegurou que não haverá dispensas no Brasil e que o banco inglês, pelo contrário, está criando novos postos de trabalho no país, onde obteve no primeiro semestre o seu terceiro maior lucro global. Diante desse posicionamento, a Contraf-CUT reivindicou então do HSBC a assinatura de acordo que ponha fim à rotatividade, um dos itens do emprego decente, tema central da Campanha Nacional dos Bancários de 2011 aprovada na conferência do último fim de semana em São Paulo.
Participaram da reunião, realizada na matriz do banco em São Paulo, o presidente e o secretário de Organização da Contraf-CUT, respectivamente Carlos Cordeiro e Miguel Pereira; o presidente do Sindicato de Curitiba, Otávio Dias; e a presidenta do Sindicato de São Paulo, Juvandia Moreira. Pelo banco, participaram o diretor executivo para relações institucionais Hélio Duarte, a diretora de RH Vera Saikali, e o diretor de relações sindicais Antônio Carlos Schwertner.
A reunião foi solicitada pela Contraf-CUT, federações e sindicatos depois do anúncio da reestruturação global do banco inglês feito em Londres na segunda-feira 1º de agosto. A direção da empresa informou que essa notícia era resultante de um trabalho interno da direção mundial para definir em quais mercados continuaria atuando e em que áreas de negócio.
Emprego decente – Os dirigentes sindicais questionaram os impactos no Brasil dos setores de Auto Finance e Crédito Imobiliário, áreas que seriam atingidas no país segundo informações que chegaram à Contraf-CUT. A direção do HSBC disse que, em relação ao Auto Finance, a carteira não foi vendida ao Banco Panamericano e que continuará atuando no segmento aos seus correntistas. Quanto ao financiamento nas lojas, estava encerrando esse tipo de operação. Com relação ao crédito imobiliário, ficaram de buscar mais dados para informar ao movimento sindical, porque disseram desconhecer quaisquer medidas no setor.
Os representantes do banco inglês reafirmaram o teor da nota oficial do início da semana de que o HSBC abriu 605 novos postos de trabalho no primeiro semestre deste ano e está contratando mil novos gerentes de relacionamento para reforçar sua atuação no varejo brasileiro, onde alcançou US$ 637 milhões, o que é 33% superior ao mesmo período do ano passado e representa o terceiro melhor resultado da empresa dentre os 87 países onde atua.
A Contraf-CUT questionou que, embora o HSBC tenha aberto novas vagas nos primeiros seis meses do ano, ele pratica alta rotatividade de mão de obra – fato sem paralelo em qualquer outro país onde o banco inglês atua, mesmo na América Latina. A confederação apresentou à instituição financeira que uma das principais reivindicações aprovadas pela 13ª Conferência Nacional dos Bancários é a implantação do emprego decente, conceito da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que assegura estabilidade no emprego.
"Por que só no Brasil as empresas usam a prática da alta rotatividade como estratégia de redução de custos?", questionou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, durante a reunião, cobrando que o banco realoque os bancários que tiveram suas áreas atingidas pela reestruturação. Os representantes do banco disseram que estão comprometidos no aproveitamento de todos os bancários da área de Auto Finance.
Queremos valorizar os bancários – Além do emprego, a Contraf-CUT também apresentou ao HSBC outras questões importantes para os bancários, entre elas o alto índice de adoecimento entre os trabalhadores, principalmente doenças mentais relacionadas às pressões por cumprimento de metas e ao assédio moral. Ficou acertado que esses temas serão discutidos em reunião que será agenda nos próximos dias.
"O fato de o Brasil já contribuir com o terceiro maior resultado global para o banco abre a perspectiva de avançarmos nas negociações para uma maior valorização de todos os bancários no Brasil", afirmou Miguel Pereira, secretário de Organização da Contraf-CUT.
Antes da negociação, a Contraf-CUT realizou uma reunião ampliada da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do HSBC nesta quarta-feira 3, para preparar os debates com o banco.