O ex-vice-presidente do Banestado (Banco do Estado do Paraná) Aldo de Almeida Jr. foi preso na manhã de ontem pela Polícia Federal, em Curitiba, sob a acusação de autorizar a evasão de US$ 1.937.375.902 (cerca de R$ 5,8 bilhões), por intermédio de contas CC5 (de não-residentes no país).
A prisão foi ordenada pelo juiz da vara especializada em crime de lavagem de dinheiro, Sérgio Moro.
O pedido de prisão partiu da força-tarefa do Ministério Público Federal que investiga remessas ilegais e lavagem de dinheiro, entre 1996 e 2002, por intermédio de agências do Banestado.
Além de Almeida Jr., Moro aceitou pedidos de prisão contra o ex-diretor de Câmbio e Operações Internacionais do banco Gabriel Nunes Pires Neto, o ex-assessor da área José Luiz Boldrini e os ex-gerentes de agências do Banestado de Foz do Iguaçu Benedito Barbosa Neto, Luiz Acosta e Carlos Donizeti Spricido.
Pires Neto já está preso desde 18 de novembro do ano passado, acusado em processo semelhante. Os três gerentes e o assessor foram presos em Foz.
Os procuradores da força-tarefa acusam os seis de serem responsáveis por remessas fraudulentas de cerca de US$ 2 bilhões a paraísos fiscais, a partir de contas comuns abertas nas agências do Banestado de Foz em nome de “laranjas”, para burlar a fiscalização.
Segundo os procuradores, comunicações internas do Banco Central (BC) revelaram que a abertura e a movimentação das contas eram do conhecimento e autorizadas pela diretoria de câmbio do Banestado.
É a primeira vez, desde as primeiras prisões por crimes contra o sistema financeiro, que uma determinação de prisão da Justiça Federal ocorre com uma pessoa próxima do ex-governador do Paraná Jaime Lerner (ex-PFL, hoje PSB). Almeida Jr. sobreviveu a quatro quedas de cúpula do Banestado durante as duas gestões de Lerner (1995-2002).
O ex-vice-presidente, que já vinha da equipe do ex-governador na Prefeitura de Curitiba, chegou a ocupar a presidência do Banestado interinamente.
Foi preso acusado de ter endossado operações fraudulentas quando era diretor da área internacional do banco. Segundo ele, em entrevista à Agência Folha em 2003, as operações das contas CC5 tinham prévia autorização do BC.
Com a privatização do banco estadual em 2000, Almeida Jr. ainda ocupou a diretoria que cabe ao Paraná no BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), até fevereiro do ano passado.
O Banestado é apontado como um dos bancos que mais operaram na lavagem de dinheiro por intermédio das contas CC5. Só a sua agência de Nova York movimentou US$ 15 bilhões (cerca de R$ 45 bilhões, hoje) entre 1996 e 1997, segundo a Polícia Federal.
Fonte: Agência Folha / Mari Tortato