Substituição de Rita Serrano por Carlos Antônio Vieira Fernandes na presidência da Caixa é criticada pela Contraf-CUT, CEE/Caixa e pelo Sindicato.
O Governo Lula anunciou nesta quarta-feira, 25 de outubro, por meio de nota, o novo presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio Vieira, em substituição a Rita Serrano. A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, criticou a troca: “As mulheres foram responsáveis por aproximadamente 60% dos votos de Lula nas últimas eleições. É ruim a substituição de uma mulher por um homem na presidência da Caixa”, disse Juvandia. “Além disso, não vamos aceitar que a política do governo passado seja implementada na empresa, como o desmonte da empresa e da sua função de banco público. Nem retrocessos na política da gestão de pessoas”, completou.
A troca também foi criticada pela coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt. “Após as drásticas gestões do banco durante o governo anterior, que implementou uma política de assédio moral e sexual contra as empregadas e empregados, Rita vinha tentando mudar e melhorar o cenário. Tínhamos nossas críticas, mas a gestão era aberta ao diálogo”, disse. “Em uma instituição tão grande e importante como a Caixa, as mudanças demoram a acontecer. Infelizmente ocorreu a substituição quando as mudanças estavam em andamento”, completou.
A coordenadora da CEE destacou também a importância do papel social da Caixa. “Para que não haja risco na execução de políticas sociais prioritárias para o governo, como o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e a própria política de financiamento habitacional do banco, entre outras, a Caixa não deveria ser usada como moeda de troca”, disse Fabiana, lembrando que em gestões passadas o banco já serviu como moeda de troca e teve sua gestão investigada e sua imagem prejudicada.
Antônio Fermino, presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região e empregado da Caixa, ressalta que o movimento sindical não permitirá que os trabalhadores sejam prejudicados com a mudança, bem como o compromisso da empresa, enquanto banco público, no desenvolvimento econômico e social do Brasil. “Continuaremos lutando por uma Caixa 100% pública, essencial para a reconstrução do Brasil e para a retomada do desenvolvimento econômico e social. Não vamos permitir o retorno de uma gestão de desmonte, privatista e sem compromisso com os trabalhadores e com o Brasil”, afirma.
Sai Rita Serrano
Antes de assumir a presidência do banco público, Rita Serrano foi diretora da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) e representante eleita dos empregados no Conselho de Administração da empresa, desde 2014. Empregada da Caixa há 34 anos, tem longa trajetória no movimento sindical, como presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, entre 2006 e 2012, e na luta em defesa dos trabalhadores. Rita foi a quarta mulher a assumir a presidência da Caixa, em janeiro de 2023 e, sob sua gestão, pela primeira vez, mais mulheres participaram dos comitês administrativos do banco.
No período, avanços sociais importantes foram conquistados, como o retorno do Minha casa, Minha vida, programa “Mulheres de Favela” e a Sala das Cidades e Estados. Sob seu comando, também estão em curso importantes negociações com as entidades representativas dos empregados da Caixa, entre elas a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) específico sobre o Saúde Caixa e a questão das funções minuto.
Entre Carlos Vieira
Indicado para a presidência, Carlos Antonio Vieira Fernandes é empregado da Caixa desde 1989. Apadrinhado pelo Partido Progressistas (PP) de Arthur Lira (PP-AL), foi o número dois de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) no Ministério da Integração Nacional entre 2014 e 2015. No governo Temer, quando a Caixa era presidida por Gilberto Occhi, assumiu a presidência da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), de onde saiu no início de 2019, sempre sob a indicação do mesmo grupo político.
Quando esteve à frente da Funcef, Carlos Vieira deu início ao projeto de alteração do estatuto – que retirou direitos dos participantes da Fundação – e, em 2017, reduziu a taxa de juros da meta atuarial dos planos de benefícios administrados pela Fundação, aumentando o déficit em mais de R$ 7 bi. Além disso, Vieira não assumiu compromisso de cobrar da patrocinadora sua responsabilidade no contencioso judicial, o que poderia reduzir as provisões contábeis e diminuir o déficit dos planos. Recentemente, Vieira também atuou no Banco de Brasília (BRB).
Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região, com informações da Contraf-CUT, SP Bancários e Apcef-SP