Neste 11 de abril, o Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, a Fetec-CUT-PR, a Contraf-CUT e todo o movimento sindical bancário nacional iniciam a campanha “Menos metas, Mais Saúde”, com o objetivo de dar visibilidade à saúde ocupacional e denunciar o assédio moral organizacional que se enraizou nos bancos e financeiras.
“Nossa luta é por um ambiente de trabalho saudável para todos os trabalhadores. E alcançá-lo passa por discutirmos a importância da saúde ocupacional e os transtornos causados pelas metas abusivas e pelo assédio moral organizacional”, explica Patrícia Carbornal, secretária de Saúde do Sindicato.
Assédio moral organizacional
O assédio moral organizacional é um tipo de violência enraizada na própria cultura da empresa. Ou seja, as políticas e métodos de gestão utilizados pelo empregador são considerados assediantes e tornam o ambiente laboral nocivo, tóxico e tenso. Nesse sentido, a produtividade a qualquer custo é o que comanda lógica da organização e o empregado acaba sendo tratado como responsável único pela sua própria empregabilidade e desempenho.
O assédio se materializa nos bancos por meio da instituição de metas muito difíceis ou impossíveis de serem atingidas, mediante pressões e cobranças exacerbadas pelo cumprimento dessas metas, acompanhadas de ameaças de estagnação na carreira, transferência de local de trabalho e descomissionamento.
Além disso, os métodos de avaliação privilegiam a produtividade em detrimento das demais qualidades e habilidades dos trabalhadores. A competitividade é estimulada de forma nociva, com exposição e publicização do desempenho individual ou coletivo. Em muitos casos, o assédio vem acompanhado de xingamentos e humilhações.
Por outro lado, a produtividade alcançada pelo empregado nunca é suficiente e ele sempre é pressionado a superá-la ou, no mínimo, a manter-se em um padrão de desempenho muito alto. Já se não alcança as metas estabelecidas com a frequência que lhe é exigida ou se adoece, deixa de interessar à empresa.
A categoria bancária está entre aquelas que mais sofrem com esse tipo de lógica. Tratando-se de uma política institucional, o assédio moral organizacional não poupa ninguém, espraiando-se por todos os campos e níveis da organização, ainda que de forma e intensidade diversas. Ele é uma das maiores causas de adoecimento mental no trabalho.
Bancários contam com mecanismos de proteção
A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria bancária conta com diversos mecanismos de prevenção e combate ao assédio moral. Entre eles:
📌 Em 2010, foi conquistada a Cláusula 61, que estabelece mecanismos de prevenção de conflitos no ambiente de trabalho. Com isso, os bancos se comprometem que o monitoramento de resultados ocorra com equilíbrio, respeito e de forma a prevenir conflitos.
📌 Desde 2011, a Cláusula 39 proíbe os bancos de exporem publicamente rankings de monitoramento de resultados. Ela também veda, aos gestores, a cobrança de cumprimento de resultados por mensagens no celular particular do trabalhador.
📌 Em 2022, a categoria conseguiu incluir na CCT a Cláusula 87 que estabelece que os bancos realizarão reuniões com as entidades representativas sobre as metas e as formas de acompanhamento adotadas.
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Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região