Sindicatos manifestaram preocupação sobre a postura reticente do BRDE.
Uma nova reunião, requerida pelos Sindicatos de Bancários de Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis, para retomar a negociação que já se arrasta há meses com o BRDE, foi realizada na última terça-feira, 23 de abril. A retomada pretende avançar em dois pontos específicos: Programa de Desligamento Voluntário (PDV) e Acordo referente a horas extras.
O processo negocial, solicitado pelo banco em outubro de 2023, obteve vários avanços para os funcionários e foi sinalizado como próximo da conclusão em março deste ano. Porém, há mais de um mês, os sindicatos estavam sem respostas consistentes sobre a tramitação da proposta global – PDV e acordo extrajudicial das horas extras – no âmbito da direção do banco.
Na reunião de 23 de abril, os sindicatos manifestaram preocupação sobre a postura reticente do BRDE, bem como formalizaram a demanda dos funcionários sobre a atualização do valor do teto do PDV e a extensão para 24 meses no prazo de permanência no plano de saúde para os funcionários do RP2, frente aos 12 meses propostos em rodadas anteriores.
O presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, destacou as conquistas obtidas pelos sindicatos na mesa de negociação com o BRDE nos últimos anos. “Conseguimos através do diálogo construir acordos de teletrabalho, ponto eletrônico, banco de horas e renovar com tranquilidade os acordos coletivos.”, afirmou.
Entretanto, os impasses na negociação atual e a perda de ritmo das discussões com a instituição foram pontuados pelo presidente. “Quando parecia estarmos próximos de uma proposta, a negociação infelizmente esfriou. Convocamos uma plenária para dialogar com os trabalhadores do BRDE e surgiram algumas questões. Muitos colegas questionaram, por exemplo, o porquê de a proposta trazer o mesmo teto do PDV de sete anos atrás, sem qualquer correção, além do tema do plano de saúde para os colegas do RP2”, sublinhou Fetzner.
A reunião contou com a presença, além do Superintendente de Infraestrutura, do Diretor Administrativo do banco, que pontuou um impasse sobre apuração dos valores das horas extras não pagas para a composição do acordo.
Sobre horas extras, o movimento sindical entende ser um bom acordo para todas as partes nos termos que estão colocados. “Isso porque atende as principais preocupações que a empresa tem no tema, alivia consideravelmente o passivo e, o mais importante, alcança a uma grande parcela dos colegas um direito pendente, em um padrão igualitário para todos e todas”, complementa o dirigente.
“Já são seis meses de uma negociação sobre a qual a diretoria do banco se esquiva de decidir”, analisa Caroline Heidner, diretora do Sindicato de Porto Alegre. “Criou-se uma situação muito peculiar: os representantes do banco se sentam com o sindicato, discutem e pactuam parâmetros do acordo, mas sistematicamente devolvem que a diretoria ‘reconsiderou’ pontos de pauta. Nos foi estranho agora ouvirmos da representação da empresa que existem dúvidas sobre o cálculo das horas extras, por exemplo. Os peritos da nossa assessoria jurídica fizeram, há mais de um mês, reuniões técnicas dentro do BRDE, nas quais foram trabalhados critérios de cálculo a partir do arquivo das horas extras apresentado pelo próprio banco. Como pode a diretoria afirmar não ter clareza sobre valores nessa altura do processo negocial?”, questiona a dirigente.
O assessor jurídico do Sindicato, Antônio Vicente Martins, reiterou a importância de ambos acordos estarem vinculados. “Um acordo de PDV precisa de um motivo muito contundente para fazer sentido. E não enxergamos motivo mais valioso para os empregados do BRDE do que a solução do passivo das horas extras”, afirmou.
Os sindicatos aguardam a próxima rodada de negociação, apontada para a segunda semana de maio, após a próxima reunião da diretoria do Banco ocorrer. Caso não haja novas sinalizações de avanço, fica claro que o BRDE está desistindo das negociações.
Também participaram da reunião Ademir Vidolin, do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba, Maria Cristina Steyer Burkard e Andre Luiz Alves, do Sintrafi de Florianópolis e Região.
Fonte: SindBancáriosRS