Um dos principais acontecimentos
políticos do Paraná, do ano, nos jornais e nas redes sociais foi o discurso da
jovem estudante Ana Julia. Seu discurso correu o mundo inteiro, e nos encheu de
orgulho e esperança, porque falou, com muita propriedade, tudo aquilo que
muitos queriam ter dito e não disseram.
A fala contundente, politizada e
extremamente firme da jovem Ana Julia nos retrata uma geração de jovens que sabe
o que quer, ou melhor, podem até não saber o que querem, mas sabe exatamente o
que não querem! E não querem exploração, não querem o desmonte do Ensino Médio.
Não querem uma escola que alije o conhecimento e retire a oportunidade de uma
formação universal, laica e gratuita, ou seja, não querem uma escola que forme
robozinhos apertadores de botão. Não querem o desmonte do Estado. Não querem um
estado que será congelado e atrasado por uma geração inteira em tempo
cronológico, porque não foram feitos os investimentos necessários em
infraestrutura e áreas sociais, pura e exclusivamente para que se pague juros de
uma dívida, que assim como esse governo, é ilegítima. Pois afinal, existe um
grande movimento pela auditoria da Dívida, que nos demonstraria que pagamos por
ela muito além do seu valor real.
Esse foi o espirito do discurso da
jovem Ana Julia quando colocou o dedo em riste para denunciar o descompromisso
com a educação e com os investimentos nas áreas sociais do Governo Federal, pois se
acontecer a PEC 241, que foi aprovada no Senado Federal como PEC 55, sob
muitos protestos de milhares de estudantes e trabalhadores que foram a Brasília
resistir contra a retirada dos direitos dos trabalhadores e dos investimentos
por 20 anos, como propõe o conteúdo da PEC, e foram recebidos a exemplo da
polícia do DF, que tem feito escola com a polícia do Governo do Beto Richa do
Paraná, com bombas de efeito moral, balas de borracha e muita violência
totalmente desnecessária e descabida. Com a aprovação da PEC, foi sancionada
pelo ilegítimo e impopular presidente Michel Temer. E agora virão as
consequências.
Mas em seu discurso na Assembleia
Legislativa do Paraná, a jovem Ana Julia foi mais além e acertou em cheio ao
fazer uma crítica certeira à postura seguidista do Governo Beto Richa e do
descaso dos deputados com a situação política das ocupações de escolas no Paraná. Também
abordou entre seus temas com uma lucidez privilegiada uma análise de conjuntura
estadual, onde o Governo do PSDB beneficia setores da iniciativa privada contra
os bravos e contundentes guerreiros do serviço público do estado, os servidores
e professores da rede pública mexendo em seus direitos. E ainda tenta
propositalmente o Governo do Estado colocar nos professores do Paraná uma pecha
de arruaceiros, baderneiros, socialistas e petistas, por defenderem seus
direitos e uma escola de qualidade.
O que em minha opinião soa como uma das
coisas mais equivocadas possível. Pois todos que somos pais e mães de estudantes,
sabemos quão duro é a vida do professor no Estado do Paraná. Desvalorizado,
obrigado a se encher de aulas para poder ter no final do mês um salário no
mínimo decente. Não bastasse a humilhação histórica que viverão os professores
do Paraná no dia 29 de Abril, onde foram violentamente massacrados pela bombas
de gás lacrimogênio, bombas de efeito moral jogadas pelos helicópteros, tirou de
borrachas disparados covardemente contra todos, sem exceção, e não podemos
esquecer que naquele dia estavam lá alunos, professores e servidores que tinham
um objetivo comum. Lutar contra a retirada de direitos dos servidores públicos
paranaenses.
Não bastasse a humilhação pública que
sofreram, o governo depois do ocorrido havia assumido o compromisso políticos de
honrar com o seus compromissos e não passou um ano do massacre o que assistimos.
O Governo tentar voltar atrás numa lei que havia assumido compromisso. Ou seja,
voltou atrás e aprovou uma lei que desmente o que tinha anteriormente assumido
com relação ao reajuste dos professores. Usa uma maioria amorfa e anestesiada
que tem na Assembleia Legislativa para implementar suas maldades. Não toleramos
isso. Não ter coerência é uma coisa, agora voltar atrás em compromissos
assumidos em lei é outra totalmente diferente. É inconstitucional. Mas a onda
neoliberal que ronda os poderes influenciou também o Governo Beto Richa que não
se incomodou em nenhum momento de retirar compromissos honrados com os
trabalhadores do serviço públicos estadual.
O histórico de lutas constantes que
vemos no Paraná é fruto desse processo sociológico que acompanhamos todos. Onde
a forma como vem sendo tratado os professores do Paraná, onde o descaso e a
violência é que levou a essa onda extremamente forte e organizada de ocupações
pelo Estado. Poias as pessoas conseguiram visualizar que aqueles que prometem,
não cumprem os compromissos assumidos e, não tem condições morais de honrar todo
e qualquer tipo de compromisso. Simplesmente por que o compromisso não é com os
trabalhadores, mas é com os empresários que ganham mais e mais com o “status
quo” do povo paranaense. Ou seja, precisam de um povo dócil e domesticado,
principalmente os professores, que são os que formam opinião e o desenvolvimento
da consciência crítica nos estudantes.
A Geração de Ana Júlia nos
surpreendeu positivamente. E não foi num fato isolado de um discurso político, a
jovem e sua geração tem mesmo conteúdo e preocupação social, o que já pude
observar em outros importantes momentos das lutas políticas que estamos
enfrentando, como a fala dessa mesma jovem que eu ouvi em um Seminário contra a
PEC 55 (antiga 241 da Câmara), onde pude de fato compreender que esses jovens
querem mais. E não aceitaram passível o desmonte do Estado Brasileiro e do seu
futuro.
E a postura dessa juventude engajada
nas lutas de seu tempo, resistindo para que não tem seu futuro e seus sonhos
roubados nos enche de orgulho alegria e determinação que estamos travando uma
luta que vale a pena, não por nós, mas por todos os nossos. Que são cidadãos
brasileiros e não merecem de forma alguma terem seu futuro ameaçado por esse
leque de tentativa de retirada de direitos que os setores mais conservadores da
sociedade tentam com a ajuda desse governo ilegítimo e popular nos tirar a
qualquer custo. Não há boas intenções no grande empresariado. Eles querem a
volta de um regime do capital totalmente desumano e regido pelo mercado. Onde as
relações comerciais tem mais valor para eles que e as relações
sociais.
E nossa juventude compreendeu isso, E
foi às escolas, ocupando-as, tendo-as em suas mãos para dar um claro recado aos
políticos, aos patrões e aos governantes sem compromisso com o Povo. Que não
aceitaram que lhes tirem o futuro. Se não pararem de tentar tirar nosso futuro,
a ordem é resistir ocupar e criar condições melhores de vida em sociedade,
homens mulheres e jovens sejam respeitados e possam sonhar e ter esperança. Por
isso nosso orgulho e depositamos nossa confiança na geração de jovens que tem em
si, a força simbólica do discurso político proferido na Assembleia Legislativa e
espalhado pelas redes sociais para o mundo inteiro, pela jovem e conscientizada
Ana Júlia!