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Para ler e refletir: “Lampião, déspota esclarecido do cangaço”

 Certa vez, Lampião e seu bando andavam pelo agreste, famintos, com os mantimentos quase no fim, quando se depararam com um sertanejo que conduzia quatro cabeças de gado. Mediante a necessidade do bando, anunciaram ao solitário vaqueiro que se apropriariam de seu gado. O homenzinho franzino se recusou a entregar, por se tratar da sobrevivência de sua família.

Mediante a recusa, um dos capitães de Lampião, indignado, sentenciou o valente sertanejo à morte: “Vai morrer cabra”. O senhorzinho ouviu a sentença, deu de ombros e continuou a sua caminhada, ficando de costas para o bando. Prontamente, o capitão sacou sua arma e mirou para a execução prometida. Lampião interveio e abaixou a arma de seu comparsa concluindo: “Deixa o homem ir, ele é corajoso e digno, cabra assim tem que procriar”!

Mesmo se deparando com o bando poderoso e marginal, o sertanejo primou por aquilo que lhe era mais caro: a dignidade. Morreria, mas não abriria mão do sustento de seus dependentes.

A história se repete, mudam os personagens. Muitos gestores agora irão à forra contra as pessoas que lutaram pela dignidade de todos. Pedimos aos capitães do mato que se abstenham de perseguir e intimidar os valentes sertanejos que se expuseram diariamente em frente às agências durante a greve, garantindo o sucesso do movimento. Abaixem suas armas, se abstenham de atirar pelas costas e de praticar o oposto da dignidade: a covardia.

Escrevemos não porque acreditemos em Papai Noel, pois para falta de caráter não há remédio, apenas a reprovação. Ainda assim, acreditamos num mundo em que as pessoas possam lutar pelos seus direitos sem serem alvejadas pelas costas. Tanto acreditamos que lutamos por este mundo.

Logo, ao contrário do que um colega do BB do Palladium falou, que o sindicato só trabalha um mês por ano, agora, após a greve, o nosso trabalho é proteger quem lutou inclusive pelo direito conquistado aos fura-greve.

Estendam tapetes vermelhos para aqueles que foram idealistas e dignos. É uma forma de ao menos pedir desculpas por não ter ajudado em momento algum. A consciência é o melhor travesseiro. O respeito, uma moeda de troca.

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