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PREÇO DA CESTA BÁSICA RECUA EM ONZE CAPITAIS

Ao contrário do que ocorreu em janeiro, quando o custo dos gêneros de primeira necessidade aumentou em todas as dezesseis capitais onde o DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos – realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, em fevereiro, os preços dos produtos essenciais recuaram em onze capitais. Em três localidades, todas do Nordeste, ocorreram altas significativas: Recife (2,87%), João Pessoa (2,86%) e Fortaleza (2,49%). As principais quedas verificaram-se no Rio de Janeiro (-2,98%), Florianópolis (-2,64%) e São Paulo (-2,36%).
Mesmo com retração no preço total da cesta de 1,59%, Porto Alegre continuou a ter o maior valor para o conjunto de gêneros essenciais, com os treze produtos custando R$ 169,32. Em São Paulo, o custo ficou em R$ 167,00 e em Brasília, em R$ 164,77. As cestas mais baratas foram encontradas em Fortaleza (R$ 139,17) e Natal (R$ 139,42).
Com base no valor mais elevado para a cesta básica e levando em consideração o conceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deveria ser suficiente para a manutenção de um trabalhador e sua família, respondendo por suas despesas com alimentação, moradia, educação, vestuário, saúde, higiene, transporte, lazer e previdência social, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Assim, tomando por base o valor apurado em Porto Alegre, o DIEESE estima que o salário mínimo deveria ser, em fevereiro, de R$ 1.422,46, 5,9 vezes o piso vigente.
VARIAÇÕES ACUMULADAS
Em uma capital, Curitiba, a variação do preço da cesta básica nos dois primeiros meses de 2004 foi negativa, ficando em -0,86%. Devido aos fortes aumentos apurados, principalmente, em janeiro, a alta acumulada em dois meses nas capitais do Nordeste é expressiva e, em cinco localidades supera 8,0%: Salvador (9,84%); João Pessoa (9,63%), Fortaleza (8,95%), Natal (8,32%) e Recife (8,19%).
As variações acumuladas em doze meses – de março de 2003 a fevereiro de 2004 – de duas localidades foram negativas: Florianópolis (-3,65%) e Curitiba (-0,27%). Os aumentos mais significativos ocorreram em Salvador (6,64%) e João Pessoa (6,57%).
JORNADA X CESTA
O recuo do custo da cesta básica na maior parte das capitais fez com que o tempo de trabalho necessário para quem ganha salário mínimo poder adquirir os gêneros essenciais, na média das localidades pesquisadas ficasse, em fevereiro, em 138 horas e 31 minutos. Esta jornada é ligeiramente inferior à exigida em janeiro último (139 horas e 25 minutos), mas é mais de 20 horas menor que a necessária em fevereiro de 2003, quando chegava a 162 horas e 44 minutos.
O mesmo comportamento é verificado quando se leva em consideração a porcentagem do salário mínimo líquido – depois da dedução da parcela referente à Previdência Social – destinada à compra da cesta básica, também na média das regiões pesquisadas. Nesse caso, verifica-se que em fevereiro, 68,18% do rendimento líquido do trabalhador destinavam-se à aquisição da cesta básica, enquanto em janeiro a mesma compra exigia 68,62% e em fevereiro de 2003 requeria 80,10%.

COMPORTAMENTO DOS PREÇOS
Ao contrário do que ocorreu em janeiro, quando um único item (o tomate) teve grande influência na alta da cesta básica, em fevereiro os bens que a compõem apresentaram, de forma geral, comportamento bem mais estável. Para tal desempenho contribuiu o fato de fevereiro ser época de safra de muitos produtos e o clima ter se apresentado, até agora, favorável para a agricultura.
Um dos produtos que teve aumento na maior parte das capitais foi o café que subiu em quinze localidades, com os principais aumentos verificando-se em Vitória (9,74%), Goiânia (8,43%) e Porto Alegre (7,65%). Somente em Belo Horizonte houve redução (-0,39%). Nos últimos doze meses o café também apresentou alta em quinze capitais – com destaque para a variação apurada em Belo Horizonte (24,58%) – e redução apenas em Belém (-4,44%).
Treze capitais apresentaram aumento de preço do óleo de soja, os mais significativos registrados em Vitória (8,26%), Belém (6,02%) e Belo Horizonte (6,00%). Em Curitiba, não houve alteração no preço e São Paulo
(-0,39%) e Brasília (-1,21%) tiveram retração. Houve queda no preço do produto em doze meses, em dez localidades, com as principais variações verificadas em Florianópolis (-6,82%), Brasília (-5,77%) e João Pessoa (-5,12%). Em Belo Horizonte seu preço manteve-se estável, ao mesmo tempo em que subiu em cinco localidades, com destaque para Vitória (5,65%).
A banana – que na cesta básica representa todas as frutas – teve alta, em fevereiro, em doze capitais, lideradas por Florianópolis (11,32%), Salvador (7,14%) e Brasília (6,35%). Das quatro capitais onde houve redução, o destaque foi Porto Alegre (-12,98%). Em dozes meses, o produto apresenta alta significativa em catorze localidades, com a maior variação apurada em Salvador (25,70%) e a principal queda verificada em Florianópolis (-14,49%).
Todas as nove cidades da região Centro-Sul, onde o preço da batata é pesquisado apontaram elevação, com destaque para Porto Alegre (27,59%), Curitiba (20,83%) e Goiânia (20,21%). Quando se considera a variação anual, porém, verifica-se que houve retração em todas as localidades, com quedas que variaram de 14,62% (em Porto Alegre) a 45,96%, em Curitiba.
Comportamento oposto ocorreu com o açúcar, cujo preço caiu em catorze capitais, com destaque para Curitiba (20,0%), São Paulo (-17,76%), Florianópolis (-16,04%) e Porto Alegre (-14,58%). Houve estabilidade em Fortaleza e alta de 1,14%, em Salvador. Nos últimos doze meses, o preço caiu nas dezesseis capitais, com variações entre -16,13%, em Aracaju e -46,90%, em Goiânia.
Onze capitais – em especial do Centro-Sul do país – registraram redução no preço do tomate, em fevereiro. Curitiba (-27,04%), São Paulo (-19,72%) e Brasília (-18,22%) lideraram as quedas. Das cinco cidades onde o DIEESE apurou alta, os destaques foram Recife (18,31%) e João Pessoa (10,00%). Na comparação com igual mês, em 2003, verifica-se que o tomate apresentou alta em catorze capitais, com destaque para Salvador (34,43%). Em Belo Horizonte não houve alteração de preço e em Curitiba seu preço recuou 4,13%.
Importantes produtos para alimentação da população brasileira como arroz, feijão e carne tiveram, em fevereiro, equilíbrio entre as cidades onde houve alta e aquelas em que ocorreram quedas. No entanto, em doze meses o arroz e a carne subiram em todas as dezesseis capitais enquanto o feijão recuou em todas. No caso do arroz, os aumentos variaram de 15,43%, em Recife, a 43,06%, em Vitória. A carne teve aumentos mais modestos, que se situaram entre 2,42% (Salvador) e 15,49% (João Pessoa). Com relação ao feijão, as retrações foram de -3,89%, em Curitiba, a -25,17%, em Fortaleza.
SÃO PAULO
Na capital paulista, o custo da cesta básica, em fevereiro, apresentou recuo de 2,36%, o que fez com que, em dois meses, a elevação acumulada somasse 1,34%. Em doze meses, a variação ficou em 0,28%.
Dos treze produtos que compõem a ração essencial mínima prevista para o trabalhador paulistano, apenas quatro tiveram aumento em fevereiro. As altas ocorreram na batata (9,90%), feijão carioquinha (8,44%), banana nanica (2,82%) e café em pó (1,48%). O leite in natura tipo C e a farinha de trigo registraram estabilidade. Outros sete produtos apresentaram retração em seus preços. Os principais destaques foram o tomate, com queda de 19,72% e o açúcar refinado (-17,76%). Também apresentaram redução a manteiga
(-4,93%), carne bovina de primeira (-1,61%), arroz agulhinha tipo 2 (-1,52%), óleo de soja (-0,39%) e pão francês (-0,22%).
Nos últimos doze meses, sete produtos registraram queda: açúcar (-36,23%), feijão (-20,52%), batata
(-22,92%), farinha de trigo (-19,53%), manteiga (-5,17%), pão (-4,53%) e óleo (-3,80%). Os outros seis itens tiveram aumento: arroz (27,45%), café (11,34%), carne (9,77%), leite (8,54%) e tomate (1,16%).
Para adquirir os alimentos básicos, o paulistano que ganha salário mínimo precisou trabalhar 153horas e 05 minutos, em fevereiro, enquanto em janeiro necessitou cumprir uma jornada de 156 horas e 47 minutos. Em fevereiro de 2003, porém, a mesma compra exigia o cumprimento de 183 horas e 12 minutos.
Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido (após a dedução referente à previdência), verifica-se que em fevereiro o comprometimento foi de 75,35% do salário recebido, enquanto em janeiro correspondia a 77,17% e em fevereiro de 2003 chegava a 90,17%.

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