A pandemia de Covid-19 descortinou a desigualdade que marca a mortalidade materna de mulheres negras e brancas, é o que explica é Emanuelle Góes, pesquisadora de pós-doutorado do CIDACS/Fiocruz/Bahia, doutora em Saúde Pública e integrante do GT Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Durante o último ano, morreram 78% mais mulheres negras grávidas do que mulheres brancas por Covid, de acordo com levantamento feito pela ONG Criola.
A pesquisadora explica que a mortalidade materna, de maneira geral, é um evento evitável e que vinha diminuindo ao longo dos anos, com uma estagnação nesta queda a partir de 2014. Emanuelle Góes observa, porém, que essa diminuição se deu de forma desigual, sendo maior para as mulheres brancas e em menor proporção para mulheres negras. E que esta questão piorou no contexto da pandemia.
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Os profissionais e pesquisadores de saúde coletiva já previam que a Covid-19 iria impactar de forma diferenciada as gestantes. “Obviamente que ia impactar mais as gestantes negras, das regiões mais distantes dos centros, das periferias, da região norte e nordeste”, explica a pesquisadora.
Ela conta ainda que o Estado brasileiro até o momento não apresentou nenhuma iniciativa para superação desses índices. “Não há qualquer iniciativa para redução da mortalidade materna com um olhar de enfrentamento ao racismo. As mulheres negras morrem porque o racismo é estruturante, ele é institucional”.
Desta forma, para a pesquisadora Emanuelle Góes, a fim de se reverter esse cenário é preciso implementar políticas de enfrentamento ao racismo nos espaços da saúde, e em particular na atenção obstétrica. “As mulheres precisam parar de morrer de uma morte prevenível. Parar de morrer em um momento e que elas estão dando a vida”, finaliza.
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Fonte: BdF Bahia
Edição: Elen Carvalho