Dirigentes do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região e da FETEC/CUT-PR acompanharam a manifestação na Assembleia Legislativa, na segunda, 05 de dezembro, desde as 14 horas, horário previsto para o início das atividades, até a vigília que entrou pela noite para acompanhar a votação do PL 915, que autoriza a transferência de gestão de serviços públicos essenciais para Organizações Sociais.
Confira abaixo entrevista com o presidente da FETEC, Elias Jordão, que estava presente durante os protestos:
Sindicato dos Bancários – O que os manifestantes queriam com o protesto?
Elias Jordão – A exigência principal dos manifestantes é que o projeto fosse retirado de pauta definitivamente, ou no mínimo que a votação fosse adiada para que fosse discutido melhor com a sociedade via audiências públicas.
SEEB – Em que momento houve a decisão de ocupar o plenário?
EJ – A ocupação foi uma consequência do momento, que foi acontecendo em resposta à falta de democracia do grupo majoritário na casa hoje, ou seja, a situação que faz ouvido mouco aos apelos do povo.
SEEB – Vocês sabiam que a Polícia Militar tinha sido acionada? Houve violência?
EJ – Lá de dentro, fomos informados diversas vezes que a Polícia Militar estava sendo acionada. E lá de dentro percebemos a movimentação de várias viaturas do lado de fora da Assembleia Legislativa. Porém não houve violência policial lá dentro, acho que refletiram que não seria uma boa ideia uma invasão da PM. E interessantemente ouvimos de alguns PMs do lado de fora que eram solidários conosco, que apoiavam nossa luta, mas estavam ali por determinação superior.
SEEB – A que você atribui a pressa dos deputados aliados ao governador em aprovar esse projeto de lei?
EJ – A pressa é justamente para não dar espaço para a população tomar real conhecimento do projeto. Porque entendem que quando as pessoas tiverem ciência do que está sendo aprovado, com certeza não concordarão.
SEEB – Ainda há alguma coisa que possa ser feita?
EJ – Agora, pela correlação de forças da situação versus oposição, lamentavelmente pouca coisa se pode fazer a não ser denunciar e dar a resposta nas próximas eleições.
SEEB – Qual vai ser o futuro dos hospitais públicos e de outros serviços estaduais que serão geridos pelas organizações sociais?
EJ – Infelizmente será um futuro de lucros para a iniciativa privada e de precarização no atendimento para a população. Não é o que desejamos, mas é o que prática das privatizações e terceirizações tem demonstrado.
SEEB – Os movimentos sociais querem a revogação da Lei Federal 9637, aprovada em 1998 por FHC, que ainda está em vigor, e que permite as organizações sociais. Como os Sindicatos podem se engajar pela derrubada dessa lei e revogar, ainda, a lei estadual?
EJ – Existem várias formas. Uma delas é a conscientização da valorização do voto, afinal é triste ver na Assembleia Legislativa deputados que votam justamente contra aqueles que o elegeram. O povo precisa entender que tem uma grande arma na mão que é seu voto, só precisa saber usa-la. Mas nossa principal ação é nos somarmos aos demais movimentos sociais, sairmos às ruas, conscientizarmos a população dos malefícios desta lei e fazermos um grande movimento pela derrubada tanto da lei federal como a estadual.