16/04/2004
(São Paulo) Os Sindicatos dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, dos Bancários do ABC, dos Metalúrgicos do ABC e de Taubaté, Químicos do ABC e Apeoesp (professores do Estado de São Paulo) realizam nesta segunda-feira uma ato conjunto a favor da correção da tabela de cálculo do Imposto de Renda (IR). A concentração começa às 10h30 no saguão do Edifício Martinelli. A partir das 11h os trabalhadores participam de passeata até a sede da Receita Federal, em São Paulo, onde acontece ato de protesto contra a não correção da tabela.
A CUT luta pela correção das perdas acumuladas desde o governo FHC – que somam 54%. Somente no governo tucano a tabela ficou defasada em 38,34%. De acordo com estudo da CUT/Dieese, no governo Lula as perdas estão em 11,32%. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopes Feijó, explica que se a tabela for corrigida com a inflação do último período, entraria na economia quase R$ 1,7 bilhão ao ano. O montante deixaria de ser arrecadado pelo Fisco.
A falta de reajuste na tabela desvaloriza ainda mais o salário dos trabalhadores. Parte dos aumentos conquistados nas Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho são repassados ao Leão. “Para mudarmos essa situação e pararmos de pagar o IR com parte de nosso salário, os sindicatos de todo o país devem reproduzir o ato que será realizado em São Paulo pela correção da tabela”, afirma o secretário-geral da CNB/CUT, Carlos Cordeiro.
Segundo o estudo da CUT/Dieese, sem a correção da tabela pela inflação, um bancário que teve reajuste salarial de 12,6%, elevando seu salário para R$ 2.381, gastará 46% a mais com IR. Trabalhando com a hipótese da tabela corrigida, o desconto de IR aumentaria apenas 16%.
O presidente da CUT, Luiz Marinho, explica que a campanha da correção da tabela tem o objetivo de contrapor a idéia de que o combate à inflação deve ser feito pela restrição de consumo. “Precisamos combater a inflação com um choque de oferta, é preciso mais produção, mais oferta, mais salário e mais consumo para a economia crescer”.
Os trabalhadores de classe média ou de baixa renda são os mais prejudicados com a não correção da tabela. Desde 1995, a faixa de isenção salarial do IR, em função da inflação no período e da não correção da tabela, passou de R$ 1.058 a R$ 1.613. Um trabalhador que está no limite da isenção, com proventos de R$ 1.059, que antes do reajuste pagava imposto de R$ 0,15, agora pagará R$ 20,17, sem a correção da tabela. As perdas nos salários dos trabalhadores são o principal motivo para a realização do ato da próxima segunda-feira. “Estamos cobrando do governo o cumprimento de seu compromisso com os trabalhadores”, diz o secretário-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino.
Carolina Coronel – CNB/CUT com informações do Valor Econômico e Seeb SP