A Contraf-CUT esteve reunida, nesta quarta-feira (12), com o presidente e CEO do HSBC no Brasil, Conrado Engel. Os principais objetivos do encontro foram reafirmar o canal de diálogo existente entre o movimento sindical e a direção da empresa e iniciar um debate sobre uma série de problemas enfrentados cotidianamente pelos trabalhadores.
O encontro foi marcado em resposta à correspondência enviada pela Confederação. A decisão de solicitar a reunião foi tomada durante o Encontro Nacional de Dirigentes do HSBC, realizado nos dias 2 e 3 de junho deste ano. A principal preocupação dos sindicalistas era o processo de fechamento de agências e demissões realizado pelo banco no final de 2008 e no início deste ano, além de um alto grau de insatisfação interna relatado por dirigentes de todo o país.
Os representantes dos trabalhadores começaram questionando Engel a respeito dos rumos do banco no país. O tema tem sido motivo de preocupação para os bancários, especialmente a partir da crise financeira internacional, que eclodiu no final de 2008, e dos processos de fusões e incorporações que aumentaram a concentração no sistema financeiro nacional.
O executivo reafirmou o papel estratégico do Brasil para o HSBC, por conta do dinamismo da economia do país, e refutou qualquer possibilidade de saída do banco do mercado nacional. Como estratégia de mercado, afirmou que continuará presente na área de varejo e ampliará a área de atendimento Premier, considerada como um grande diferencial de mercado do banco, já que o HSBC é a única instituição financeira realmente global presente no país.
Engel lembrou que o banco, no mercado brasileiro, tem um tamanho entre médio e grande, o que, segundo ele, é uma situação semelhante à enfrentada pela empresa na maioria dos 82 países onde ele está presente — com exceção de Hong Kong, onde controla mais de 30% do mercado. O executivo prosseguiu dizendo que o banco está acostumado a fazer disputas acirradas de mercado e que pretende crescer no mercado brasileiro.
Investimento nos funcionários — O presidente reafirmou a política de crescimento orgânico como objetivo do banco, ou seja, disputa de mercado e investimento na satisfação de funcionários e clientes. Para os representantes dos trabalhadores, isso contrasta com as atuais ações do banco, que fechou agências e demitiu no começo do ano. "Esse crescimento só pode acontecer com investimento nos funcionários, maior remuneração, garantia de emprego e mais contratações", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
Os dirigentes sindicais relataram também uma série de questões que repercutem entre os trabalhadores, aumentando o nível de insatisfação. Foram abordados temas como demissões, fechamento de unidades, implantação do programa "Gerente Virtual", política de pessoal e remuneração, falta de funcionários, entre outros, que precisarão ser desdobrados em negociações futuras.
Parte destes problemas encontram resposta na minuta de reivindicação da Campanha Nacional dos Bancários 2009, entregue à Fenaban nesta segunda-feira (10). "Os resultados obtidos pelos bancos no Brasil mesmo com a crise financeira e mesmo com a elevação do provisionamento para devedores duvidosos (PDD), que acaba reduzindo o lucro, demonstram a capacidade que as empresas têm de atender às reivindicações dos bancários na campanha salarial que está começando, e o HSBC não é uma exceção", afirma Carlos Cordeiro.
A pauta dos trabalhadores inclui reivindicações a respeito da melhoria dos salários e das condições de trabalho, garantia de emprego, implantação de novos Planos de Cargos e Salários nas empresas e a negociação e contratação de toda a remuneração do trabalhador pelos sindicatos, para evitar a implantação de programas de remuneração variável que ao final criam tanta confusão, como PPR/PSV.
Luis Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ressaltou a importância do emprego. "É importante discutirmos questões relacionadas à garantia de emprego, como existe em outros lugares do mundo. Porque, para o trabalhador, esse tipo de segurança é fundamental", afirma.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Otávio Dias, questionou o executivo a respeito das últimas medidas implementadas pelo banco, como o "Gerente Virtual", nos resultados atuais da empresa, uma vez que parte considerável dos clientes passam a ter os canais remotos para relacionamento.
Valorizar o diálogo — O presidente do banco e os trabalhadores reafirmaram a importância da manutenção e ampliação do canal de diálogo e negociação para buscar a solução dos problemas. "Solicitamos essa reunião na expectativa de reforçar o canal de diálogo com a direção do banco. O fato de o presidente ter nos recebido é uma sinalização importante da disposição do banco para dialogar e resolver os problemas que apresentamos durante a reunião", diz Miguel Pereira.
A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do HSBC irá reorganizar a pauta de reivindicações específicas e encaminhar ao banco para a retomada do processo e negociação. "No próximo dia 24, está prevista a publicação do balanço semestral do HSBC no Brasil, quando então poderemos fazer uma análise melhor de algumas destas questões", lembra Miguel Pereira.
Participaram da reunião Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT; Miguel Pereira, secretário de Organização da confederação e funcionário do HSBC; Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo; Otávio Dias, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba; e Carlos Alberto Kanak, secretário geral do Sindicato dos Bancários de Curitiba. Por parte do banco, além do presidente Conrado Engel, participaram Vera Saicali, diretora de RH; e Antonio Carlos Schwertner, representante de relações sindicais.
Fonte: Contraf-CUT