Nos próximos dias 25, 26 e 27 de abril teremos as eleições para
o Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e Região Metropolitana
para o triênio 2017/2020. E qual é a importância política dessas eleições para
a categoria bancária e financiaria?
Afirmo com toda certeza que há muita a importância! Pois ter
um sindicato com unidade, força e representatividade respaldada nas urnas por
sua categoria é fundamental para que possamos nos organizar com mais
propriedade a resistência e a luta contra a retirada de direitos e o desmonte do
Estado brasileiro, que levará os bancos públicos e as leis trabalhistas que
hoje são uma salvaguarda que tem a classe trabalhadora e em especial bancárias,
bancários, financiárias e financiários. Dentre outras questões que serão retiradas
de nossos direitos estão as propostas de terceirizações sem limites das
atividade fim, acabando com o emprego na forma que conhecemos nos dias de hoje
e também a imposição do negociado sobre o legislado, que criará uma relação de
escravidão entre empregados e patrões, podendo sem medo de exagerar a voltar a
tempos anteriores a Lei Aurea, que acabou com a escravidão no país.
A lógica e a voracidade com que o capital ataca o Estado,
buscando sua minimização, retirando sua participação de setores estratégicos
fundamentais, criando uma dependência do Estado de determinados setores por
parte desse capital. Áreas estratégicas que onde o estado atuava e atua com
excelência eram garantia da manutenção de políticas públicas para a população e
certeza de investimentos em áreas sociais e preços baixos para a rotatividade
do mercado. E o grande exemplo disso é que depois que diversos setores que
foram privatizados e afastados da responsabilidade de gestão por parte do
Estado, passarão a viver de subsídios e desonerações fornecidos pelo próprio
Estado. Sendo que muitas vezes não atendiam as contrapartidas exigidas pelo
Estado.
O legado político do o Sindicato dos Bancários e Financiários
de Curitiba e região Metropolitana está calçado numa história política que
remonta as lutas sociais e da categoria nos últimos 85 anos, desde a data
fundação do sindicato em 06 de julho de 1932, sua existência sempre perfilada
às lutas pelas causas sociais e na defesa da categoria. Fugindo desse legado
somente em momentos pontuais como quando sofreu as intervenções por parte do
regime civil e militar, a serviço dos banqueiros, que se instalou no país.
Destacamos esse aspecto da luta política e histórica que
teremos pela frente, porque a ofensiva do neoliberalismo é cruel, excludente,
misógina, antidemocrática, antissocial e racista. E a próxima gestão que
conduzirá os rumos da categoria. Sempre teve a marca das conquistas
historicamente vinculadas à sua trajetória política de altruísmo em nome do
coletivo e dá categoria. Mesmo em momentos difíceis como nos anos de exceção do
Estado Novo Varguista que perdurou de 1937 a 1945, ou nos anos de chumbo da
ditadura cívil e militar que se instalou no pais 1964 a 1988. Ainda assim o
Sindicato teve lugar e posição de destaque e vanguarda nas lutas de interesse
dá categoria bancária.
E colocando esses resgate histórico por que novamente estamos
em um período de exceção onde há em curso um golpe institucional e parlamentar.
E nesse momento o Sindicato se reveste de importante relevância para a
categoria de bancária e financiaria, pois é quem sem dúvida nenhuma estará no
front de luta organizando as trabalhadoras e trabalhadores para defender
direitos e conquistas históricas e lutar contra as injustiças e ainda buscar
avanços nas relações de trabalho e nas questões sócio econômicas um dos papéis
fundantes do sindicato. Já vimos no tempo o quão sofreu a categoria, pelo fato
de o sindicato ter sofrido diversas intervenções que levaram a perda salariais e
a carestias históricas classe bancária.
Neste sentido que consideramos fundamental esta relação de
representatividade, para que possamos fazer com tranquilidade nosso papel
político de representação das trabalhadoras e trabalhadores, papel que muitos
não imaginam, mas vai muito além de dá representação socioeconômica,
transpassando em determinados momentos a representação cidadã da categoria.
Pois a compreensão que temos que lembrar as bancárias e bancários são cidadãs e
cidadãos, que vivem em um espaço geográfico político determinado que é a
cidade. E por ocupar esse espaço geográfico e político também são afetados
diretamente pelas decisões políticas que os governantes e representantes tomam,
para o bem ou para o mal.
Nossa atuação política cidadã nos dias de hoje vai dá
participação em conselhos gestores de trabalho, saúde, gênero, emprego e renda,
políticas públicas, economia solidária, cooperativismo, relações com a
sociedade e a organização dos bancários e financiários como a classe trabalhadora.
Um dos exemplos que podemos descrever dessas experiências que
vivemos nos últimos tempos e que vinha com um conteúdo ideológico muito forte,
foi a tentativa dos meios de comunicação de massa nas mãos de poucas famílias
em tentar dividir a sociedade em dois grandes blocos, do nós e do eles,
inclusive com a apropriação por parcelas da população de bandeiras
historicamente nossas e também de nossas cores verdes e amarelas que sempre
foram nossas, e o sentido de nacionalidade, de temas como o combate a corrupção
e a busca por reformas políticas estruturais que pudessem consolidar como
políticas de estado em políticas públicas importantes que vinham sendo
desenvolvidas nos últimos tempos pelos governos democráticos e populares, que
nós sempre com autonomia de atuação e com
consciência de classe. O que nos
permitiu que alcançássemos o patamar de organização que alcançamos na
militância sindical e popular, tendo prestigio e reconhecimento da categoria
bancária e financiaria.
O processo traumático que vivemos em 2015 de resistência ao golpe
parlamentar e institucional que se arquitetava em que 2016 com sua efetivação teve
todos os desdobramentos políticos e sociais que tivemos, onde vivemos um grande
período de dissenso político, de um certo esvaziamento em função de uma
alienação programada para se justificar a aplicação do golpe parlamente e institucional.
Mas isso aconteceu por um período de poucos meses, pois já
observamos uma readequação e uma nova aproximação da vida sindical, onde os
filiados ao sindicato voltam a estar enlaçados com a entidade na defesa que ela
sempre fez da nossa condição política e social de classe trabalhadora e da
defesa intransigente dos nossos direitos e conquistas históricas. E
compreendemos que o momento é de resistência e de luta política de combate a
uma horda golpista que tomou conta do poder e que em contrapartida entregou ao
grande capital nacional e estrangeiro, representados por grupos econômicos
urbanos e rurais, todos os nossos direitos e conquistas históricas em uma
bandeja servil do congresso nacional, como gratidão por financiar com seu pato
amarelo o golpe institucional e parlamentar.
E aconteceu o que dizíamos que aconteceria, a corda iria
arrebentar nas costas da classe trabalhadora. E assim, foi em menos de um ano,
entregaram com o a PEC/257 o congelamento por duas gerações de gastos sociais
de um Estado que cumpria seu papel social de inclusão e de políticas públicas,
avançaram vorazmente para cima de nossos direitos, entregando a terceirização
sem limites, e continuam na tentativa atualmente de entregar os direitos
trabalhistas, ao mesmo tempo que que tentam impor aos trabalhadores uma reforma
da previdência misógina e excludente que fará a atual geração e as futuras
gerações trabalharem até morrer, pois impossibilita a possibilidade de se
aposentar com dignidade para usufruir a terceira idade e os frutos da
aposentadoria.
É nesse momento de resistência e luta que estaremos nos
locais de trabalho buscando os votos das bancárias, bancários, financiarias e
financiários para respaldar nas urnas esse reconhecimento da categoria que foi
traduzido na composição política única para disputar o processo eleitoral para
o triênio 2017/2020, com a Chapa 1 – Unidade e Resistência que representa a
continuidade da linha política que vem conduzindo a política do sindicato nos
últimos tempos. Enfim, ter esse respaldo da categoria nos torna ainda mais
fortes e determinados a construir a unidade e a resistência para evitar os
ataques que os trabalhadores como um todo vem sofrendo desse governo ilegítimo
e sem voto para fazer qualquer tipos de mudança no rumo da política e da
econômica, ainda mais com a retirara dos nossos direitos.
Marcio Kieller é bancário, Secretário Geral da CUT/PR e mestre em sociologia política
pela UFPR