Carta aberta dirigida a Ana Botín denuncia demissões, insegurança, sobrecarga de trabalho, fraudes em contratações e ataques aos banespianos.
Aposentados e funcionários do Santander reuniram-se em frente à sede do banco, na região da Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, na manhã de segunda-feira, 8 de abril, para protestar contra os ataques da direção aos direitos dos trabalhadores. O ato aproveitou a presença da presidenta mundial do Santander, Ana Botín, na sede paulista para chamar a atenção para aos problemas que se acumulam na instituição financeira.
Uma carta aberta dirigida à banqueira aborda os duros golpes que o Santander impõe aos seus aposentados nos últimos anos e, também, aos funcionários submetidos à insegurança, sobrecarga, fraudes nas contratações para outras empresas do grupo e demissões de pessoas arrimos de família. O texto foi assinado pelas associações e entidades sindicais e lido em formato de jogral, o que chamou a atenção dos bancários e transeuntes.
Até mesmo o histórico Esporte Clube Banespa está na mira de desapropriação pelo Santander, de olho na especulação imobiliária.
“Há tanto o que denunciar nas práticas do banco no Brasil que não cabe em uma só ato. Continuaremos nos manifestando. A direção global do Santander precisa tomar conhecimento das duras situações em que seus empregados são submetidos, se já não sabe”, ressalta a presidenta da Afubesp Maria Rosani. “Nós exigimos a manutenção do patrocínio dos planos do Banesprev, conforme previsto no edital de privatização. Afinal de contas, os participantes dos Planos I e II possuem direito adquirido”, completa.
De acordo com Rosani, é preciso a manutenção da Cabesp aos banespianos e clínica grátis aos aposentados ex-funcionários do Sudameris, banco adquirido pelo Santander.
Banesprev
O chamamento para o ato fez efeito e foi acompanhado por dezenas de colegas participantes do Banesprev, preocupados contra a perda de seus direitos. Com a autorização da Previc em transferir a gestão dos Planos V e Pré-75 do Banesprev, a aflição a respeito da retirada de patrocínio só aumenta.
Botín está mais uma vez no Brasil para uma palestra com a participação dos bancários da Torre, aproveitando uma visita às sedes da América Latina. Há dois dias, estava em evento no México. “É essencial o papel dos representantes que denunciem o que acontece aqui no país, onde a instituição obtém enormes lucros e não dá a contrapartida que o Brasil merece”, complementa a dirigente Vera Marchioni.
Quem esteve em casa também pôde manifestar-se de manhã via “tuitaço” na rede social X, com falas como “Acabar com os recursos das aposentadorias complementares é CRUELDADE!”, “A previdência complementar é um direito conquistado e deve ser preservada. Pare com as maldades contra os aposentados, Santander!”, “Como as pessoas que já estão fora do mercado de trabalho conseguirão sobreviver sem os recursos da sua aposentadoria? Basta!”, entre outros desabafos. A hashtag #EscutaSantander atingiu os assuntos mais comentados da rede, com mais de 8 mil tuítes até a tarde do dia 8.
Confira o texto distribuído no ato
CARTA ABERTA À SENHORA ANA BOTÍN, PRESIDENTA MUNDIAL DO BANCO SANTANDER
Senhora Ana Botín: nós, os trabalhadores brasileiros, merecemos respeito!
Desde que comprou o Banespa, há 23 anos, o Santander lucrou até hoje mais de R$ 235 bilhões, o que é muito dinheiro. É injustificável que tal instituição ataque seus empregados da ativa e aposentados, em especial a partir de 2017. O banco colhe os louros dos altos juros praticados no Brasil, mas simplesmente se recusa a dar, no mínimo, uma justa contrapartida ao povo brasileiro. Ou seja, atender bem seus clientes, proporcionar condições dignas de trabalho e honrar com as obrigações legais que assumiu com os aposentados quando comprou o Banespa e demais bancos que compõem hoje esse imenso patrimônio.
Queremos que o Santander tenha responsabilidade social no Brasil, onde obtém a maior fatia de seus ganhos mundialmente, e não coloque o lucro e pagamento de dividendos acima dos nossos direitos legítimos.
Estamos sempre prontos a lutar pelo o que é nosso. Queremos o fim das fraudes. O banco transfere bancários que deixam de ser qualificados na categoria para outras empresas do conglomerado, como a F1RST, SX Tools, entre outras, todas com CNPJs diferentes. Com isso exclui estes trabalhadores dos acordos coletivos e direitos conquistados. Além disso, fecha agências e demite pais e mães de família.
Batalhamos também pelo Estatuto aprovado pelo Banesprev em 2015, o único considerado legítimo. O Santander rasga tal estatuto e, assim, cala a participação dos trabalhadores em assembleia. É direito do trabalhador se expressar em assembleias, como acontece em países civilizados. Exigimos a manutenção dos Planos V e Pré-75 – recentemente com transferência de gestão aprovada pela Previc – e dos demais planos do Banesprev.
Conforme previsto no edital de privatização, é preciso assegurar o patrocínio dos Planos I e II pelo direito adquirido. Sobre a SantanderPrevi, reivindicamos maior transparência e participação dos trabalhadores em todas as instâncias de governança. A Cabesp, além de uma rede credenciada adequada, precisa garantir assistência médica aos trabalhadores vindos do Banespa além dos funcionários oriundos do Sudameris.
Por fim, não admitimos a desapropriação dos 60 mil metros quadrados pelo Santander do histórico Esporte Clube Banespa, que há 94 anos abriga um espaço de lazer de qualidade, para entregar à especulação imobiliária, derrubando uma enorme área verde.
Mais trabalhadoras e trabalhadores que gritam por mudanças se juntarão às nossas pautas!
Fonte: Rede Brasil Atual | Foto: Afubesp / Divulgação